Delação e Lava Jato devem impulsionar pedido de impeachment
Os dois acontecimentos devem impulsionar as manifestações em favor do impeachment marcadas para o dia 13
Da Redação
Publicado em 4 de março de 2016 às 13h29.
São Paulo - A nova fase da operação Lava Jato contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a delação premiada do ex-líder do governo no Senado Delcídio do Amaral (PT-MS) aumentam as chances de um impeachment contra a presidente Dilma Rousseff e abalam de vez a capacidade de governar do Palácio do Planalto.
Na avaliação de analistas ouvidos pela Reuters, os dois acontecimentos devem impulsionar as manifestações em favor do impeachment marcadas para o dia 13 e podem ser um fator importante na decisão de parcela dos parlamentares sobre a questão do impedimento de Dilma.
"O que você tem agora é uma disputa pela opinião pública. O PT está enfraquecido, e o governo também", disse o cientista político Carlos Melo, do Insper.
"Vai depender daqueles vírus oportunistas, aquela ala do Congresso que vai esperar a reação da opinião pública."
Para o analista político da consultoria Tendências Rafael Cortez, a oposição pode até fazer nova tentativa pelo impeachment de Dilma baseada em supostas informações da delação de Delcídio, de que ela teria tentado interferir nas investigações da Lava Jato. "A tentativa de impeachment de Dilma ganhará mais legitimidade", disse.
De qualquer modo, os novos acontecimentos vão tornar praticamente impossível a já combalida governabilidade do país.
Para o analista político Ricardo Ribeiro, da MCM Consultores Associados, já está difícil aprovar a pauta legislativa no Congresso. "Agora precisa ver quem é que vai governar o país." Melo, do Insper, vai na mesma linha. "Quem é que vai discutir CPMF nesse contexto? Nem o governo", disse.
"Agora essa agenda parlamentar é assunto de segunda ou até terceira ordem." Mas a investigação contra Lula para apurar possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro do esquema envolvendo a Petrobras, que incluiu o cumprimento de um mandado de condução coercitiva para depoimento nesta sexta-feira, também servirá para levar mais militantes do PT às ruas.
"Você ainda tem movimentos corporativos, você ainda tem militância (que apoia o PT), estamos falando de um líder político que ainda tem 20 por cento de aprovação, que ainda tem capacidade orgânica de mobilização", disse Melo.
"Não é como era no passado, mas ainda tem." Para Ribeiro, o novo quadro "vai acrescentar um pouco mais de calor nas ruas".
Mas se Dilma pode querer manter uma certa distância das investigações contra Lula, a presidente precisará ao mesmo tempo da ajuda dos apoiadores de Lula para tentar se manter na Presidência.
"O Planalto tentará se distanciar da situação de Lula, mas politicamente a presidente terá que se juntar à defesa de Lula para conseguir apoio para sua própria sobrevivência", disse Cortez.
São Paulo - A nova fase da operação Lava Jato contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a delação premiada do ex-líder do governo no Senado Delcídio do Amaral (PT-MS) aumentam as chances de um impeachment contra a presidente Dilma Rousseff e abalam de vez a capacidade de governar do Palácio do Planalto.
Na avaliação de analistas ouvidos pela Reuters, os dois acontecimentos devem impulsionar as manifestações em favor do impeachment marcadas para o dia 13 e podem ser um fator importante na decisão de parcela dos parlamentares sobre a questão do impedimento de Dilma.
"O que você tem agora é uma disputa pela opinião pública. O PT está enfraquecido, e o governo também", disse o cientista político Carlos Melo, do Insper.
"Vai depender daqueles vírus oportunistas, aquela ala do Congresso que vai esperar a reação da opinião pública."
Para o analista político da consultoria Tendências Rafael Cortez, a oposição pode até fazer nova tentativa pelo impeachment de Dilma baseada em supostas informações da delação de Delcídio, de que ela teria tentado interferir nas investigações da Lava Jato. "A tentativa de impeachment de Dilma ganhará mais legitimidade", disse.
De qualquer modo, os novos acontecimentos vão tornar praticamente impossível a já combalida governabilidade do país.
Para o analista político Ricardo Ribeiro, da MCM Consultores Associados, já está difícil aprovar a pauta legislativa no Congresso. "Agora precisa ver quem é que vai governar o país." Melo, do Insper, vai na mesma linha. "Quem é que vai discutir CPMF nesse contexto? Nem o governo", disse.
"Agora essa agenda parlamentar é assunto de segunda ou até terceira ordem." Mas a investigação contra Lula para apurar possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro do esquema envolvendo a Petrobras, que incluiu o cumprimento de um mandado de condução coercitiva para depoimento nesta sexta-feira, também servirá para levar mais militantes do PT às ruas.
"Você ainda tem movimentos corporativos, você ainda tem militância (que apoia o PT), estamos falando de um líder político que ainda tem 20 por cento de aprovação, que ainda tem capacidade orgânica de mobilização", disse Melo.
"Não é como era no passado, mas ainda tem." Para Ribeiro, o novo quadro "vai acrescentar um pouco mais de calor nas ruas".
Mas se Dilma pode querer manter uma certa distância das investigações contra Lula, a presidente precisará ao mesmo tempo da ajuda dos apoiadores de Lula para tentar se manter na Presidência.
"O Planalto tentará se distanciar da situação de Lula, mas politicamente a presidente terá que se juntar à defesa de Lula para conseguir apoio para sua própria sobrevivência", disse Cortez.