Delação de Odebrecht citará Temer e ministros, diz jornal
Antes de fechar acordo, Marcelo Odebrecht e outros executivos citaram pelo menos 130 deputados, senadores e 20 governadores e ex-governadores
Marcelo Ribeiro
Publicado em 25 de outubro de 2016 às 10h27.
Brasília – Após oito meses de negociação, Marcelo Odebrecht e mais pelo menos 50 nomes ligados a empreiteira fecharam acordo de delação premiada com os procuradores da Operação Lava Jato, de acordo com informações do jornal O Globo. À publicação, uma pessoa ligada às investigações revelou que, na fase preliminar das negociações do acordo, o presidente Michel Temer (PMDB) e ministros do núcleo duro do governo foram citados.
Os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS), de Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP) e da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) também foram apontados pelos executivos da empreiteira.
Antes de fechar acordo, Marcelo Odebrecht e outros executivos citaram pelo menos 130 deputados, senadores e 20 governadores e ex-governadores.
O número de funcionários da Odebrecht que fechou o acordo de delação premiada ainda pode aumentar porque ainda há acertos finais pendentes entre investigadores e investigados.
De acordo com o jornal, essa será a maior série de acordos de delação já firmada no país. O teor das revelações, contudo, ficou um pouco abaixo da expectativa inicial dos procuradores do Ministério Público Federal (MPF).
Segundo fontes com acesso à investigação, acusações atingem líderes de todos os grandes partidos que estão no governo ou na oposição. Os depoimentos de todos os delatores devem ser concluídos entre o final deste ano e o início de 2017.
Outros alvos
Na fase preliminar do acordo, os ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega também foram mencionados. O ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na semana passada, também teria recebido pagamentos indevidos, segundo os delatores.
Inicialmente, os executivos da Odebrecht queriam delatar Palocci, Guido e Cunha, e encerrar o caso. Como os três já estavam implicados em outras delações, a força-tarefa resistiu a proposta. Nesse contexto, executivos da empreiteira decidiram ampliar o número de políticos delatados.