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Debate na Globo: como Nunes e Boulos se preparam para o último embate antes do 2º turno

Em conversas com a EXAME, campanhas compartilharam estratégia para o debate nesta sexta-feira, 25, dois dias antes da votação

 (Renato Pizzutto/Band/Divulgação)

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Publicado em 25 de outubro de 2024 às 06h02.

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A TV Globo realiza nesta sexta-feira, 25, o último debate entre os candidatos à prefeitura da cidade de São Paulo antes da votação em segundo turno, neste domingo, 27 de outubro. O encontro é cercado por expectativa pelas campanhas, uma vez que historicamente o debate da emissora carioca é o de maior audiência da eleição e pode virar votos e trazer eleitores indecisos.

Em conversa reservada com a EXAME, as campanhas do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) e do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) reforçaram que o debate da Globo tem um peso muito importante nessa reta final de eleição e compartilharam as estratégias para "vencer" o encontro.

Nunes focará na gestão e em apontar as contradições Boulos

Chamado de "fujão" pelo adversário e criticado por ter faltado a dois debates neste segundo turno, Nunes confirmou presença no evento. Segundo aliados, o prefeito já estava se preparando ao longo da semana para o embate, que é visto como "muito importante" pela campanha.

A tática passa por reafirmar as obras e entregas de sua gestão e apresentar ao eleitor o que fará pela cidade, caso seja reeleito por mais quatro anos. "O prefeito fará o que sempre fez, falar da cidade, falar do que fez, do que vai fazer, que é o que as pessoas querem saber", afirma um membro do QG do emedebista.

O entorno do incumbente também vê as contradições de Boulos como algo que precisa ser "esclarecido" para o eleitor na véspera da votação. Apoiadores do prefeito acusam o oponente de promover ataques e não debater propostas, embora no debate da Record o candidato à reeleição também tenha insistido em apontar o que considera contradições sobre os posicionamentos de Boulos diante de pautas de costume, como legalização das drogas e do aborto.

A campanha também disse não temer uma reação de Boulos que, no início desta semana, afirmou que traria à tona "denúncias em curso" e "informações que são públicas" contra o adversário. Para eles, Boulos tenta “criar factoides”.

Interlocutores de Nunes ainda afirmam que o psolista tentou fazer da eleição "o terceiro turno de 2022", ao polemizar pelo apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao prefeito, mas não teve sucesso. A expectativa da campanha é atrair com o debate o eleitor da periferia que votou em Pablo Marçal (PRTB) no primeiro turno e diminuir o risco de abstenção.

Boulos deve ir ao ataque e buscar indecisos

Com um cenário difícil, a campanha de Boulos aposta no debate da Globo como mais um fato favorável ao candidato — na avaliação interna — na reta final de campanha. Nesta semana, o deputado dormiu na casa de eleitores, fez uma caravana pela cidade e aceitou ser entrevistado pelo influenciador Pablo Marçal (PRTB) para diminuir a diferença com Nunes.

A ideia da campanha é que o espaço seja utilizado para atrair eleitores indecisos, que, nas contas do QG psolista, chegam a 20%. As últimas pesquisas mostram um favoritismo de Nunes a poucos dias do segundo turno. Apesar disso, os aliados se apoiam na tese de que os eleitores "têm o histórico de decidir o voto aos 45 do segundo tempo".

As pesquisas internas mostram que os eleitores indecisos nessa reta final não são ideológicos e querem saber quem vai resolver os problemas da cidade. Por isso, a ideia é reforçar durante os debates as propostas que atendam ao anseio da população, como o Poupatempo da Saúde e medidas de estímulo ao empreendedorismo.

Sobre as possíveis críticas e ataques a Nunes, a campanha não vê um risco de que os apontamentos "contundentes" sejam percebidos como agressivos pelos eleitores. O entorno afirma que o “time que está atrás precisa ir para o ataque”, por isso um dos focos do embate será "desconstruir" Nunes.

Durante agendas, Boulos disse que traria à tona "denúncias em curso" e "informações que são públicas" contra o atual prefeito. Na ocasião, em entrevista à imprensa, o deputado declarou que Nunes sabia dos fatos que ele mencionava, sem dar pistas do que se trata.

O suposto envolvimento do atual prefeito no caso da chamada Máfia das Creches, investigação que apura desvios de recursos da prefeitura com creches conveniadas, deve ser abordado.

Aliados afirmam que Boulos também deve usar o debate para acenar para outras candidaturas, valorizar a vice da chapa, Marta Suplicy, e destacar o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — que, após acidente doméstico, não fará agenda em São Paulo até as eleições.

A campanha vê que, nesse esforço final, também é importante reforçar o máximo de vezes possíveis que o número da chapa é 50, uma vez que no primeiro turno quase 50 mil votos foram anulados após os eleitores apertarem 13 na urna.

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