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Cúpula da Amazônia começa nesta terça em busca de acordo para evitar 'ponto de não retorno'

Evento reunirá presidentes de países da região para debater novas ações de proteção da floresta

Ribeirinhos no rio Amazonas (Leandro Fonseca/Exame)

Ribeirinhos no rio Amazonas (Leandro Fonseca/Exame)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 8 de agosto de 2023 às 06h00.

Última atualização em 8 de agosto de 2023 às 10h37.

Começa nesta terça, 8, a Cúpula da Amazônia, um encontro entre líderes de diversos países do continente para definir novas formas de proteger a floresta.

O encontro reunirá autoridades do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, países cujo território abrigam a Amazônia. Ao final do encontro, na quarta, 9, deverá ser feita uma declaração, cujos termos estão sendo debatidos. 

Um dos principais temas da cúpula é como agir para tentar evitar o chamado "ponto de não retorno": um nível de desmatamento tão grande que, depois dele, a floresta perderia sua capacidade de se regenerar. 

“Há uma compreensão de todos os presidentes de que a Amazônia não pode alcançar o ponto de não retorno. Vamos ter que trabalhar não mais individualmente, mas conjuntamente, num esforço regional, para alcançar melhores resultados na proteção das florestas, da biodiversidade, dos povos originários, no estabelecimento de uma parceria que nos leve a um outro ciclo de prosperidade”, disse Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, no domingo, 6.

Marina fez um pronunciamento ao lado das ministras de Meio Ambiente da Colômbia e do Peru. Elas também disseram que seus países estão comprometidos a evitar que a situação na Amazônia se torne irrecuperável.

“Trazemos um compromisso firme de luta contra a criminalidade, contra as atividades ilegais. No Peru, acabamos de constituir uma comissão multissetorial, porque atender a Amazônia passa por fechar as brechas em educação, saúde, água e saneamento, ter energia limpa para todos. Mas também em oportunidades de geração de bionegócios, queremos e podemos fazer cadeias de valor produtivas e de serviços sustentáveis”, disse Chauca Vásquez, ministra do Meio Ambiente no Peru.

A cúpula deve servir também para fortalecer a OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica), entidade que organiza o evento. 

Uma das formas para isso seria criar um Fórum de Cidades Amazônicas e um Parlamento Amazônico, para decidir ações relacionadas à região. O presidente Lula defendeu a formação dessas duas entidades em um pronunciamento em julho, mas ainda não está claro como elas funcionariam na prática.

Exploração de petróleo na Amazônia

Um ponto polêmico do encontro é a possibilidade de explorar petróleo na região da Amazônia. Em maio, o Ibama negou um pedido de autorização da Petrobras para um projeto na região da foz do rio Amazonas. A estatal tenta reverter a decisão, que gerou debate entre alas do governo Lula.

Enquanto o Mnistério do Meio Ambiente defendeu o veto, o próprio Lula disse que quer "continuar sonhando" com a possibilidade de extrair petróleo na região.

Ambientalistas apontam que a exploração de petróleo pode trazer mais danos para a floresta. Apesar de as reservas estarem no mar, a criação da estrutura necessária para escoar a produção pode estiimular o desmatamento e a perda de diversidade de formas indiretas, como pela abertura de estradas.

Já os apoiadores da exploração consideram que novos projetos podem trazer mais empregos e renda para a região.

A Colômbia tem defendido um plano para encerrar progressivamente a exploração de petróleo na região da Amazônia, enquanto o Brasil tem sido contrário. O impasse pode fazer com que o tema 

Quem vai na Cúpula da Amazônia

Além de Lula, devem comparecer os presidentes da Colômbia, Gustavo Petro; da Venezuela, Nicolás Maduro; da Bolívia, Luis Arce; a presidente do Peru, Dina Boluarte e o primeiro-ministro da Guiana, Mark Phillips. Equador e o Suriname devem enviar ministros. 

De acordo com o documento do Observatório do Clima, estudos recentes têm levantado a hipótese de bioma amazônico entrar em colapso por conta do efeito combinado de desmatamento e mudança do clima. Isso poderia ocasionar em um desmatamento em cerca de 25% da área da floresta. “A Amazônia tem mudado muito. Na região nordeste da floresta, por exemplo, o desmatamento chega a 40%. Isto significa um colapso climático que já chegou e pode piorar”, diz Luciana Gatti, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Lula disse ver a Cúpula como momento para a organização das políticas e fim do desmatamento. “O Brasil vai cumprir com aquilo que foi prometido, nós vamos chegar ao desmatamento zero em 2030, escrevam e guardem para me cobrar", disse em café da manhã com correspondentes da imprensa internacional. Além disto, um documento elaborado no evento deve ser apresentado na COP28, em dezembro, em Dubai.

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