O presidente da Câmara, Eduardo Cunha: "O estranho continua sendo o procurador não explicar por que ele escolheu a quem investigar" (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2015 às 13h26.
Rio de Janeiro - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reiterou nesta segunda-feira que refuta as acusações de envolvimento em um esquema de corrupção na Petrobras e afirmou que apresentará explicações para todas as denúncias.
"Eu refuto totalmente as acusações. Posso efetivamente e no detalhe de cada situação", disse Cunha a jornalistas ao chegar a evento na Associação Comercial do Rio de Janeiro.
"Posso explicar tudo e explicarei tudo perfeitamente", acrescentou.
Cunha também voltou a criticar a atuação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no âmbito da operação Lava Jato, que investiga as irregularidades na Petrobras.
Segundo o deputado, Janot deixou de pedir abertura de inquérito contra pessoas que supostamente deveriam ser investigadas.
"O estranho continua sendo o procurador não explicar por que ele escolheu a quem investigar", disse.
Segundo Cunha, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) deveria ser alvo de inquérito do Ministério Público.
Em nota, na véspera, Cunha detalhou doações recebidas pelo petista, que incluem envolvidos na operação Lava Jato, por isso alega que Janot escolheu quem investigar.
Cunha está entre os políticos que serão alvo de investigação autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki sobre suposto envolvimento em esquema de corrupção na Petrobras, após pedido de inquérito de Janot.
No caso de Delcídio Amara, a PGR pediu arquivamento.
Em depoimento sob acordo de delação premiada à força-tarefa da Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef afirmou que Cunha recebia propina referente a contrato firmado pela Petrobras com as empresas Mitsui e Samsung referente a aluguel de navio-plataforma, de acordo com a petição da PGR.
De acordo com a procuradoria, Cunha seria implicado em "suposta prática dos crimes de corrupção passiva qualificada e de lavagem de dinheiro".
O ministro Zavascki, relator do caso no STF, deferiu na sexta-feira 21 pedidos de abertura de inquéritos feitos pelo procurador-geral referentes a autoridades com prerrogativa de foro e outros possíveis envolvidos na investigação, incluindo Cunha e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
A Lava Jato investiga um escândalo de corrupção em que empreiteiras teriam formado cartel para participar das licitações de obras da estatal e pagariam propina a funcionários da Petrobras, operadores que lavariam dinheiro do esquema, repassando os valores de sobrepreço das licitações a políticos e partidos.