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Cuiabá recebe 66 venezuelanos saídos de Boa Vista

Iniciativa tenta desafogar a capital Boa Vista (RR), que tem sido a principal porta de entrada no Brasil de venezuelanos

Venezuelanos: proposta da interiorização de imigrantes é levá-los para cidades que tenham trabalho para ofertar (Antônio Cruz/Agência Brasil)

Venezuelanos: proposta da interiorização de imigrantes é levá-los para cidades que tenham trabalho para ofertar (Antônio Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de abril de 2018 às 21h04.

Cuiabá - Depois de mais de quatro horas de voo, 66 venezuelanos, entre eles 16 crianças (sendo dois bebês de colo), desembarcaram nesta sexta-feira, 6, no Aeroporto Marechal Rondon, em Cuiabá, trazidos pelo programa interiorização de imigrantes.

A iniciativa, da Agência das Nações Unidas para Refugiados e do governo federal, tenta desafogar a capital Boa Vista (RR), que tem sido a principal porta de entrada no Brasil de venezuelanos que saíram dos seu país por causa da crise econômica e política.

Eles foram transportados no voo 767 da Força Aérea Brasileira (FAB). Inicialmente estava previsto que Cuiabá receberia entre 80 e 100 imigrantes, entretanto ao chegarem no aeroporto muitos decidiram seguir viagem para São Paulo.

Apesar do cansaço, os venezuelanos que desembarcaram no aeroporto estavam otimistas e curiosos. Rosa Gonzalez veio com o marido e dois filhos adolescentes, de 19 anos e 17 anos. Ela contou que chegou ao Brasil há três meses. "Gosto muito do meu país e sonho ainda voltar, mas agora não tinha como ficar. Há escassez de alimentos e está muito ruim", disse.

Giomar Nelson Urbaneja Gutierrez, de 48 anos, chegou com o filho Victo Manuel Jimenez Gutierrez. A família ficou em Puerto de la Cruz. "Minha mulher e outros filhos ficaram, mas vou ganhar dinheiro e mandar para eles. Não sei se eles vão vir para cá, ainda não tenho certeza."

Dois ônibus do Exército e um caminhão com a bagagem foram usados para transportar as famílias venezuelanas até a Pastoral do Migrante, localizada num bairro distante do centro. No local, atualmente estão morando 27 haitianos. O local é amplo e arborizado.

Além de uma cozinha industrial espaçosa, a casa de passagem tem refeitórios, banheiros, e quartos suficientes para acomodar com conforto as famílias, disse o padre Pedro Freitas Rodrigues, diretor da pastoral.

A proposta da interiorização de venezuelanos é levá-los para cidades que tenham trabalho para ofertar a demanda de venezuelanos que entram no Brasil em busca de emprego, já que, em Roraima, o setor industrial é praticamente inexistente e a economia é baseada no serviço público. Em Mato Grosso, a Secretaria de Estado de Assistência Social, Monica Camolezi, disse que já estar em contato com prefeituras que se disponham a participar dessa ação humanitária.

Segundo o secretário de Assistência Social e Desenvolvimento Humano, Wilton Coelho, em Cuiabá as famílias terão acesso ao mesmo sistema de assistência ofertados para os brasileiros. Eles terão acesso a toda rede de assistência da capital, podendo participar dos programas do governo federal, se cadastrando no CadÚnico, das ações dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), inclusão no mercado de trabalho por meio do Sine, entre outras. Antes do deslocamento de Roraima para Cuiabá, todos foram devidamente imunizados em relação a doenças como sarampo, caxumba, rubéola, febre amarela, difteria, tétano e coqueluche.

O voo foi acompanhado por servidores do governo federal e por um oficial da ONU, Paulo Sergio de Almeida. Segundo ele, antes de deixarem Roraima, os venezuelanos passaram por regularização migratória junto à Polícia Federal - por meio de solicitação de refúgio ou de residência temporária. Também foi verificada a adequação do perfil dos abrigados à localidade de destino.

O programa de interiorização foi a estratégia encontrada para desafogar a capital Boa Vista. Segundo dados da prefeitura, imigrante venezuelanos representam mais de 10% da população da cidade. Ainda de acordo com a prefeitura a migração começou em 2015, e continua aumentando em 2018.

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