Crise na Bolívia e Venezuela deve opor Brasil e demais membros do Brics
Ainda essa semana, governo russo classificou a renúncia do presidente boliviano, Evo Morales, como um golpe de Estado
Da Redação
Publicado em 13 de novembro de 2019 às 06h53.
Última atualização em 13 de novembro de 2019 às 07h35.
São Paulo — Chegando em sua décima primeira edição, o encontro anual do Brics deve ser marcado por desavenças. A partir desta quarta-feira 13, comitivas presidenciais da Rússia, Índia, China e África do Sul chegam a Brasília para a cúpula organizada pelo Brasil, atual presidente rotativo da organização. Dentre os principais pontos que devem opor o Brasil dos demais membros do grupo, dois são assuntos puramente latino-americanos: a crise política na Bolívia e na Venezuela.
Dos cinco países que formam o Brics, o governo brasileiro é o único que não apoia o presidente venezuelano Nicolás Maduro, mas foi um dos primeiros a reconhecer seu opositor, Juan Guaidó, como chefe de estado interino. Além disso, Rússia e China continuam sendo fundamentais para Maduro, ajudando seu governo com toneladas de suprimentos para conter a crise de abastecimento do país.
Para afastar atritos, principalmente com Rússia e China, auxiliares também vêm instruindo o presidente Jair Bolsonaro a evitar falar sobre a atual situação da Bolívia durante a cúpula, mas o assunto deve ser levado à mesa pelo próprio líder russo, Vladimir Putin. Ainda essa semana, o governo russo classificou a renúncia do presidente boliviano, Evo Morales, concretizada sob ordem do exército, como um golpe de Estado.
“A agenda será fundamentalmente bilateral e, é claro, questões internacionais e regionais também serão tocadas, levando em conta a situação na Bolívia”, afirmou Yuri Ushakov, porta-voz da presidência russa, indicando uma reunião privada entre Putin e Bolsonaro. Do lado de cá, o ministro das Relações Internacionais, Ernesto Araújo, negou a existência de um golpe na Bolívia, sendo completado por Bolsonaro, que ironizou o episódio e disse que Evo Morales deveria “ir para Cuba” agora que deixou a Bolívia.
Na atual conjectura, fontes ligadas à diplomacia brasileira dizem que, nos bastidores, há ceticismo em relação ao desempenho do Brasil na cúpula. Para o governo, o principal objetivo do encontro é alcançar maior cooperação econômica e estreitar os laços em áreas como ciência, tecnologia e inovação. As divergências políticas, no entanto, podem atrapalhar os planos.