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Crise e demandas sociais esperam próximo presidente

Economistas concordam que o chefe de Estado que assumir o cargo em 1º de janeiro receberá uma "herança econômica maldita"

Aécio Neves, Dilma Rousseff e Marina Silva: candidatos se enfrentam nas urnas no próximo domingo (5) (Montagem/EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2014 às 17h40.

Rio de Janeiro - A recuperação da economia , tecnicamente em recessão e com a inflação no teto tolerado pelo governo, e a resposta às reivindicações dos protestos do ano passado são os principais desafios para o próximo presidente da República.

Os economistas concordam que o chefe de Estado que assumir o cargo em 1º de janeiro, seja a presidente Dilma Rousseff, Marina Silva ou Aécio Neves, receberá uma "herança econômica maldita".

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No plano social, como todos os candidatos concordam em manter os programas que na última década permitiram ao Brasil retirar quase 40 milhões de pessoas da pobreza, o principal desafio será atender as exigências dos milhões de brasileiros que saíram às ruas no ano passado para exigir melhores serviços públicos.

Para o diretor do Centro de Economia Mundial da Fundação Getúlio Vargas, Carlos Langoni, o Brasil vive atualmente uma armadilha ao ter de conviver com taxas de crescimento baixas e taxas de inflação altas.

"Desarmar essa situação incômoda é o principal desafio para qualquer um que seja o próximo governante", afirmou o economista.

Após acumular dois trimestres consecutivos de crescimento negativo, o Brasil enfrenta o que os economistas consideram uma recessão técnica, embora a previsão do governo e dos analistas é de que o país termine o ano com crescimento positivo, mas com uma de suas taxas mais baixas nos últimos anos.

Após se expandir 2,7% em 2011, a economia do país só cresceu 1% em 2012, e em 2013 se recuperou ligeiramente, com uma melhora de 2,3%. Mas a projeção dos economistas do mercado para 2014 é de um tímido crescimento, de 0,30%.

Em relação à inflação, a projeção dos analistas é de que o Brasil termine o ano com uma alta dos preços de 6,30%, muito superior ao centro da meta do governo (4,50%) e quase no limite máximo tolerado pelo Banco Central (6,50%).

A inflação em alta obrigou o Banco Central a elevar as taxas de juros aos seus maiores índices em quatro anos, e o encarecimento do crédito reduziu o consumo familiar, aumentou a desconfiança dos empresários e diminuiu os investimentos, três dos problemas que impedem o Brasil de crescer com mais força.

Para Langoni, é necessário e urgente um ajuste para combater as taxas baixas de crescimento e altas de inflação.

"A experiência recente, e o caso europeu é dramático, mostra que quanto mais se posterga esse ajuste, maior é o custo social. O Brasil ainda tem espaço para evitar ajustes em um ambiente recessivo, mas talvez estejamos no limite", afirmou.

Dilma afirma que as dificuldades do Brasil são consequências da crise internacional e que uma melhoria depende da consolidação da recuperação econômica nos Estados Unidos.

O economista Samuel Pessoa, membro da equipe de governo de Aécio Neves, argumenta que a situação delicada do país não foi provocada pela crise internacional.

Segundo Pessoa, com uma desaceleração "muito mais pronunciada" do que a de outros países latino-americanos e com a economia crescendo nos países mais desenvolvidos, não se pode atribuir a situação do Brasil à crise internacional.

Em relação aos desafios sociais, todos os candidatos asseguram que aprofundarão a política de distribuição de renda implementada desde 2003 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e considerada modelo pela ONU.

Segundo um estudo divulgado neste mês pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), esta política permitiu ao Brasil reduzir a porcentagem de seus habitantes na pobreza de 24,3%, em 2001, para até 8,4%, em 2012, e a pobreza extrema de 14% a 3,5%.

Esses programas, entre eles o Bolsa Família, transformaram o Brasil em um país de classe média e com reivindicações diferentes.

Essas novas demandas não atendidas, como melhorias nos serviços públicos de saúde, educação e transporte, motivaram as manifestações protagonizadas em junho do ano passado por milhões de brasileiros e figuram entre as promessas eleitorais de todos os candidatos.

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