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CPI do MST: governistas combinam estratégia com Stédile, que será interrogado nesta terça-feira

Comissão foi esvaziada por ação de partidos que negociam a entrada no primeiro escalão do Planalto

João Pedro Stédile: governistas preparam uma estratégia para blindar o líder do MST. (Rovena Rosa/Agência Brasil)

João Pedro Stédile: governistas preparam uma estratégia para blindar o líder do MST. (Rovena Rosa/Agência Brasil)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 15 de agosto de 2023 às 07h48.

Fundador e principal liderança do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedro Stédile será interrogado pela CPI do MST nesta terça-feira. Com a presidência e relatoria do colegiado ocupadas pela oposição, os governistas preparam uma estratégia para blindar o líder do MST e dissociá-lo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em uma reunião na noite de segunda-feira, parlamentares governistas alinharam as perguntas que serão feitas a Stédille, de forma a deixar com que ele transpareça um "tom propositivo" em relação às questões relativas à Reforma Agrária.

Após o interrogatório, às 14h, Stédile é esperado na Marcha das Margaridas, evento organizado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), e que contará com a presença de lideranças governistas.

No depoimento, Stédille deve seguir expondo as suas divergências com Lula e, pelo alinhavado, defenderá que o grupo tem o direito de tecer críticas ao governo, justamente, por ter ajudado a elegê-lo. Desta forma, ele também exime os governistas de responsabilidade ou conivência pelas recentes invasões irregulares — inclusive, em áreas produtivas da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Este, aliás, vem sendo o discurso adotado por ele nos últimos tempos. Em entrevista recente ao site da revista "Carta Capital", Stédile também alertou que "sempre haverá" ocupações de terra, sobretudo se o ritmo de distribuição de áreas para assentar não for considerado satisfatório.

Perguntado se há previsão de novas ocupações de terras este ano, Stédile respondeu que "isso depende muito". Nos primeiros meses de governo Lula, em especial durante o chamado Abril Vermelho — período em que o MST historicamente intensifica suas ações —, o ritmo das incursões do movimento foi alvo de críticas por parte de integrantes do Planalto.

Este vem sendo considerado "o último grande depoimento da CPI do MST", que teve os seus trabalhos esvaziados por ação de partidos que negociam a entrada no primeiro escalão do governo. Na semana passada, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anulou a convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, à CPI do MST. A medida foi tomada horas antes do previsto para o início do depoimento.

Em outra frente de ação, partidos como Republicanos, que também negocia ministérios com o Palácio do Planalto, decidiram desligar da comissão os deputados alinhados ao bolsonarismo. Diante dos dois movimentos, a cúpula da CPI desistiu de pedir a prorrogação de seus trabalhos por mais 60 dias.

Na decisão que impediu o depoimento, Lira afirmou que “não se demonstrou no requerimento a conexão entre as atribuições do Ministro da Casa Civil da Presidência da República e os fatos investigados pela CPI sobre o MST”. A medida foi tomada a partir de uma reclamação apresentada pelo deputado governista Nilto Tatto (PT-SP).

Já o movimento para mudar a composição da colegiado que mira o MST começou com o líder do Republicanos na Câmara, Hugo Motta (PB). Na terça-feira, ele formalizou o desligamento de dois bolsonaristas: o titular Messias Donato (ES) e o suplente Diego Garcia (PR). Ainda não há substitutos para eles, e a CPI funcionará com dois membros a menos em seus quadros.

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