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CPI da Covid-19 diz à Seleção que Copa América no Brasil é 'mau exemplo'

Em carta à Seleção de futebol, a equipe da CPI lista diversos argumentos "estritamente técnicos" para que a competição não seja realizada no país

Cerimônia realizada pela Conmebol para anúncio de mudança de sede da Copa América 2021, na última segunda-feira, 31: escolha do Brasil no lugar de Argentina e Colômbia vem causando polêmica (Luisa Gonzalez/Reuters)

Cerimônia realizada pela Conmebol para anúncio de mudança de sede da Copa América 2021, na última segunda-feira, 31: escolha do Brasil no lugar de Argentina e Colômbia vem causando polêmica (Luisa Gonzalez/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de junho de 2021 às 14h25.

Última atualização em 7 de junho de 2021 às 11h31.

A equipe técnica da CPI da Covid-19 no Senado Federal afirmou em carta à Comissão Técnica da Seleção Brasileira e aos atletas do país que a realização da Copa América no Brasil seria um "mau exemplo", diante da iminência de uma terceira onda da pandemia, e defende o seu adiamento.

Na correspondência, a equipe da CPI lista diversos argumentos para que a competição não seja realizada no país, e defende que o objetivo com a carta seria "informar, alicerçados em argumentos estritamente técnicos, sem qualquer viés político".

A carta vem após o capitão da seleção brasileira de futebol ter afirmado que os jogadores vão esperar até a próxima semana para comentar as notícias de que se opõem a que o Brasil sedie a Copa América, com Casemiro afirmando que qualquer decisão será tomada em conjunto pelo jogadores e treinador.

O Brasil foi inesperadamente escolhido para sediar a Copa América depois que a Argentina se retirou devido a um aumento nos casos Covid-19. Várias reportagens no Brasil disseram que os jogadores estão abalados por não terem sido consultados sobre a decisão e sobre as possíveis consequências para a saúde pública.

Dentre os argumentos enviados aos jogadores, a equipe da CPI da Covid-19 cita que o Brasil havia vacinado até sexta-feira apenas 10,77% do total da população, estando "muito distante da cobertura vacinal mínima para pensar em retomadas da vida normal".

"O Brasil não oferece segurança sanitária de acordo com dados objetivos para a realização de um torneio internacional dessa magnitude no país. Além de transmitir a falsa sensação de segurança e normalidade, oposta à realidade que os brasileiros vivem, teria o efeito reprovável de estimular aglomerações e transmitir um péssimo exemplo", afirmou.

Dentre outros pontos, a CPI cita o grande número de mortos pela Covid no Brasil, de mais 470 mil pessoas, e pede para que a seleção considere a preparação técnica de todos, nos treinamentos, deslocamentos, alojamentos, na meticulosa rotina de exercícios, na equipe de profissionais médicos, fisioterapeutas, nutricionistas e tantos outros.

"Não somos contra a Copa América no Brasil ou em qualquer outro lugar. Mas acreditamos que o torneio pode esperar até que o país esteja preparado para recebê-lo, assim como já aconteceu pela primeira vez na história com uma competição muito mais importante, as Olimpíadas do Japão", afirmou.

A CPI também defendeu que "não realizar e não participar da Copa América no Brasil não é um ato político, é um gesto de respeito à vida de milhões de famílias enlutadas pela morte e por cicatrizes incuráveis".

(Por Ricardo Brito em Brasília e Marta Nogueira no Rio de Janeiro)

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