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Coronavírus é encontrado em 88% das amostras de esgoto de Belo Horizonte

Os dados coletados sobre a presença do vírus referem-se a efluentes gerados por uma população de 2,2 milhões de habitantes

No país, 45% dos brasileiros não têm acesso a serviço adequado de esgoto
 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

No país, 45% dos brasileiros não têm acesso a serviço adequado de esgoto (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

AB

Agência Brasil

Publicado em 6 de junho de 2020 às 11h09.

Última atualização em 6 de junho de 2020 às 11h14.

Amostras de monitoramento feitas em 24 pontos de coleta do sistema de esgotamento de Belo Horizonte e Contagem, em Minas Gerais, indicam que a incidência do novo coronavírus aumentou de forma significativa na Bacia do Ribeirão da Onça, onde a presença do vírus chegou a 88% das amostras que coletadas entre os dias 11 e 15 de maio.

No levantamento anterior, feito de 27 de abril a 8 de maio, o índice estava em 69%. Na outra bacia analisada, a do Ribeirão Arrudas, houve “leve queda” do total de amostras positivas, que passaram de 50% para 43%.

Os dados constam de boletim divulgado pelo projeto-piloto Monitoramento Covid Esgotos, a partir dos efluentes gerados por uma população de 2,2 milhões de habitantes, o que corresponde a quase 71% da população urbana de Belo Horizonte e Contagem.

O projeto abrange 24 pontos de monitoramento, 18 deles na rede coletora e, os demais, em pontos dos ribeirões Arridas e Onça; e em pontos de entrada e saída das estações de tratamentos de esgoto locais.

Vigilância epidemiológica

O monitoramento de esgotos como ferramenta de vigilância epidemiológica não é uma novidade. Em meados dos anos 1850, o inglês John Snow usou essa ferramenta para entender a ocorrência da cólera e identificar as residências de pessoas que morreram por conta da doença no bairro do Soho, em Londres.

A expectativa é de que agora essa ferramenta seja aplicada também para acompanhar a situação da atual pandemia no Brasil, de forma a gerar dados que poderão ajudar os gestores na tomada de decisões inclusive sobre medidas como a de isolamento social.

A iniciativa, que terá duração inicial de dez meses, conta com a participação da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estações Sustentáveis de Tratamento de Esgoto (Inct ETEs Sustentáveis), entidade vinculada à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Segundo o coordenador do Inct ETEs Sustentáveis e professor da UFMG, Carlos Chernicharo, a testagem do esgoto possibilita o diagnóstico do conjunto de indivíduos de uma comunidade.

“Assim sendo, o esgoto passa a ser a amostra de fezes e de urina que representa o conjunto da população”, explicou durante uma videoconferência promovido pela Agência Nacional de Águas (ANA).

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