Costarriquenhos superam fobias para acompanhar a Copa
Cerca de 7.000 costarriquenhos que viajaram para ver sua equipe se tornar uma das maiores surpresas do mundial
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2014 às 17h23.
Rio de Janeiro - O medo de voar impedia Carlos Chang, de 42 anos, de deixar sua Costa Rica natal. A chance de ver sua seleção jogar na Copa do Mundo no Brasil o ajudou a superar sua fobia.
Chang é um dos cerca de 7.000 costarriquenhos que viajaram para ver sua equipe se tornar uma das maiores surpresas do torneio. Após superar dois ex-campeões, Itália e Uruguai, a líder do grupo D, Costa Rica, pode concluir a façanha hoje quando se encontrar com a já eliminada vencedora da edição de 1966, a Inglaterra.
Para Chang, um microbiólogo que veste a camisa vermelha dos Ticos e um chapéu de palha, seguir seus sonhos e dominar a fobia não saiu barato.
Ele estima que cada membro de seu grupo de 200 torcedores gastará US$ 12.000 na viagem ao Brasil para assistir a três partidas da fase de grupos.
“Eu disse a mim mesmo: eu preciso acabar com esse medo porque é Copa do Mundo -- já foi o suficiente”, disse ele, na entrada de um hotel de Belo Horizonte, antes do jogo com a Inglaterra, no Estádio do Mineirão. “Teve muita emoção e muitas lágrimas”.
O país centro-americano, que ocupa o 28º lugar no ranking da Fifa, se classificou para as oitavas de finais da Copa do Mundo pela segunda vez em sua história após superar a tetracampeã Itália por 1 a 0, em 20 de junho.
Seis dias antes, a seleção estreou com uma vitória de 3 a 1 contra o bicampeão Uruguai.
Desempenhos surpreendentes
Os desempenhos surpreendentes e resultados chocantes têm sido uma atração dessa Copa do Mundo. Os EUA viram uma vitória de 2 a 1 contra Portugal, de Cristiano Ronaldo, melhor jogador do mundo no ano, ser frustrada dois dias atrás com um gol no último suspiro.
Na semana passada, a Espanha foi eliminada após perder seus dois primeiros jogos na fase de grupos, na primeira vez na história de 84 anos da competição em que o campeão da edição anterior é eliminado antes mesmo de jogar a última partida da fase de grupos.
Para os torcedores da Costa Rica, o desempenho da seleção tem sido melhor do que eles esperavam e isso significa ligar para amigos e famílias pedindo dinheiro para poderem continuar sua jornada.
Na capital do país, San José, milhares de pessoas ocuparam as ruas para comemorar a vitória contra a Itália, inundando a principal rotatória da cidade e asfixiando as ruas.
O presidente Luis Guillermo Solís se juntou à multidão usando a camisa da seleção e gritando, de pé sobre uma ponte, “¡Sí se pudo!”, ou “Conseguimos!”.
Situado entre a Nicarágua, ao norte, e o Panamá, ao sul, o país é conhecido por suas exuberantes florestas tropicais.
Tem uma população de 4,8 milhões de habitantes e registrou um produto interno bruto de cerca de US$ 45 bilhões em 2012, segundo o Banco Mundial.
Um empate ou uma vitória contra a Inglaterra garantiria à Costa Rica o primeiro lugar do grupo e um jogo em Recife, em 29 de junho, contra a seleção que ficar em segundo lugar no grupo C, formado por Colômbia, Costa do Marfim, Japão e Grécia.