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Corte de R$ 50 bi é ótimo sinal, mas juros ainda precisam subir, diz Tendências

Economista Felipe Salto diz que, se concretizado, ajuste fiscal é o primeiro passo para uma política monetária mais frouxa no futuro

Salto, da Tendências: "Corte não resolve todos os problemas imediatos de inflação" (Divulgação/Tendências Consultoria/Divulgação)

Salto, da Tendências: "Corte não resolve todos os problemas imediatos de inflação" (Divulgação/Tendências Consultoria/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2011 às 17h12.

São Paulo – O corte de gastos de R$ 50 bilhões anunciado pelo governo é um ótimo sinal, mas não livrará o Banco Central de sua missão de subir os juros nas próximas reuniões, diz Felipe Salto, economista da Tendências Consultoria.

Segundo o especialista em contas públicas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, está correto ao afirmar que a redução nos gastos de custeio significa um esfriamento na “veia” da demanda. “Os cortes no custeio têm impacto imediato, porque são mesmo na veia. No entanto, não serão todos imediatos e, mais do que isso, não serão todos no custeio. Ademais, o sinal é muito positivo e, sim, se a estratégia de austeridade tiver sucesso, a curva de juros poderá sofrer mudanças já em 2011. Porém, o corte de R$ 50 bilhões não resolve todos os problemas imediatos da inflação. O Banco Central ainda terá de promover mais três altas de meio ponto percentual na Selic neste semestre”, afirma Salto. 

O economista avalia que foi dado o primeiro passo para que Dilma Rousseff cumpra a promessa de reduzir os juros reais a 2% até o fim do mandato. “Não sei se chegará a isso, mas, se concretizado o ajuste fiscal, a política monetária poderá ser um pouco mais frouxa no futuro.”

Felipe Salto faz a ressalva de que tudo depende se o governo vai ou não mudar de ideia no meio do caminho. “Gostei da sinalização da ministra do Planejamento (Miriam Belchior) de que gastos da máquina pública serão cortados e controlados também nos próximos anos. Estou otimista porque esse governo percebeu que, para estimular a economia via investimentos e não perder a estabilidade de preços, é preciso segurar os gastos correntes.”

“Oficialmente, a presidente Dilma pode dizer que cumpriu sua promessa de não cortar o PAC, mas, ao longo do ano, o governo poderá deixar de empenhar parte dos recursos previstos, o que significará redução de gastos. Essa manobra evita um custo político de anunciar agora corte nos investimentos. Aliás, não gastar todo o dinheiro previsto no orçamento é uma prática comum que já aconteceu nos últimos anos”, conclui o especialista em contas públicas da Tendências Consultoria.

Leia mais: Cortes não alteram gastos excessivos com juros, diz professor da USP

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