Redação Exame
Publicado em 23 de dezembro de 2025 às 12h32.
Os atrasos nas entregas de encomendas pelos Correios se intensificaram às vésperas do Natal, em meio à crise financeira da estatal e à paralisação de funcionários em praças estratégicas como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte.
O problema já vinha sendo observado ao longo do ano, mas se agravou em dezembro com a greve e o aumento sazonal da demanda.
O índice de entregas no prazo está abaixo de 70% na média nacional, segundo fontes ouvidas pelo Globo que acompanham os dados operacionais da empresa.
A depender da região, o percentual varia entre 50% e 70%, o que indica que ao menos 30% das encomendas estão atrasadas neste mês, no pior desempenho do ano.
No início de 2025, em janeiro, o índice médio nacional era de 97,7%. Em dezembro, caiu para 76,63%, considerando dados até o dia 6. Na leitura diária daquele dia, o percentual foi de 68,15%, ou seja, 32% das encomendas estavam fora do prazo. Todos os resultados ficam abaixo da meta estipulada pelos próprios Correios, de 96%.
A deterioração do serviço ocorre em um contexto de caixa negativo e dívidas com fornecedores. A cúpula da empresa avalia que a qualidade das entregas só deve melhorar após a regularização desses pagamentos, o que depende da entrada de novos recursos.
A estatal negocia um empréstimo de R$ 12 bilhões com um grupo de bancos (Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e Caixa) com expectativa de receber uma parcela de R$ 10 bilhões até 31 de dezembro. A operação já recebeu aval da União, mas ainda há discussão de cláusulas contratuais.
Os recursos devem viabilizar um plano de reestruturação, cuja divulgação foi adiada. Entre as medidas previstas estão um plano de demissão voluntária para cerca de 15 mil funcionários, o fechamento de 1 mil agências e parcerias com o setor privado para ampliar a oferta de serviços.
A crise operacional foi agravada pela greve deflagrada por sindicatos regionais, motivada por divergências em relação ao acordo coletivo de trabalho proposto pela empresa.
Novas assembleias estão previstas nesta terça-feira, 23, para avaliar a negociação, mediada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). Um dos pontos de impasse é a recusa da estatal em pagar uma gratificação de Natal de R$ 2,5 mil.
Com a queda no desempenho dos Correios, empresas privadas de logística relatam aumento expressivo da demanda, especialmente de varejistas ligados ao comércio eletrônico. Pequenos e médios negócios, mais dependentes da estatal, lideram a migração. Na última semana, a transportadora Jadlog registrou alta de 25% no número de novos contratos, já descontada a sazonalidade. A Loggi informou crescimento de 54% no envio de pacotes por pequenas e médias empresas neste mês.
Estimativas de mercado indicam que a participação dos Correios no segmento de entregas esteja atualmente entre 40% e 50%.
*Com informações do Globo