Brasil

Correios ampliam entregas, mas prejuízo chega a R$ 6 bilhões

Um dos principais fatores por trás da queda nas receitas foi a diminuição nas postagens internacionais

A empresa estatal registrou prejuízos e acendeu o alerta no governo federal  (Eduardo Frazão/Exame)

A empresa estatal registrou prejuízos e acendeu o alerta no governo federal (Eduardo Frazão/Exame)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 30 de dezembro de 2025 às 09h33.

Apesar da crise financeira que já dura 12 trimestres consecutivos, os Correios registraram um leve crescimento nas receitas com encomendas e mensagens no terceiro trimestre de 2025, segundo dados da companhia encerrados em 30 de setembro.

A estatal somou R$ 7,2 bilhões em receita com encomendas e R$ 3,6 bilhões com mensagens — os maiores valores desde 2022. Ainda assim, o cenário segue desafiador: o prejuízo no período alcançou R$ 6 bilhões, quase o triplo dos R$ 2,1 bilhões registrados no mesmo período de 2024.

Um dos principais fatores por trás da queda nas receitas foi a diminuição nas postagens internacionais. O segmento, que antes representava mais de 20% do faturamento da empresa, recuou quase R$ 2 bilhões, fechando em apenas R$ 1,1 bilhão.

A retração está diretamente ligada ao programa “Remessa Conforme”, criado pelo Ministério da Fazenda em 2023.

A medida instituiu um imposto de importação de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50, antes isentas, e abriu espaço para que empresas privadas passassem a operar o frete no Brasil, reduzindo a obrigatoriedade de uso dos Correios.

Com isso, a estatal perdeu participação relevante no mercado de encomendas. Segundo dados apresentados em coletiva nesta segunda-feira, 29, a fatia dos Correios caiu de 51% em 2019 para apenas 22% em 2025.

“O monopólio de cartas em centros urbanos deixou de ser suficiente para financiar os serviços postais universais em regiões remotas ou deficitárias”, afirmou o presidente da empresa, Emmanoel Rondon.

O plano de recuperação

Para enfrentar a crise, os Correios apresentaram um plano de reestruturação com o objetivo de equilibrar as contas até 2026 e voltar ao lucro a partir de 2027.

O plano prevê corte de R$ 2,1 bilhões em gastos com pessoal, venda de R$ 1,5 bilhão em imóveis não operacionais e o fechamento de mil agências.

Além disso, a companhia vai implementar um Programa de Demissão Voluntária (PDV) e espera reduzir em até 15 mil o número de funcionários, o equivalente a 18% da força de trabalho. Outra medida será a reformulação do plano de saúde, com a expectativa de economizar R$ 500 milhões por ano.

Na tentativa de manter as operações, a estatal já contratou um empréstimo de R$ 12 bilhões com bancos privados.

A intenção inicial era captar R$ 20 bilhões, mas o valor foi negado pelo Tesouro Nacional por conta das taxas de juros elevadas.

Agora, a direção da empresa busca mais R$ 8 bilhões, que podem vir via aportes públicos ou nova rodada de crédito.

Entre 2027 e 2030, a empresa também prevê um investimento de R$ 4,4 bilhões por meio de uma linha de financiamento do Novo Banco de Desenvolvimento (Brics), presidido por Dilma Rousseff.

O valor será destinado à automação de centros de tratamento, renovação da frota, descarbonização, modernização de TI e reestruturação da malha logística.

Mesmo com os ajustes e cortes, a expectativa da empresa é aumentar a receita total para R$ 21 bilhões em 2027. Em 2024, o faturamento fechou em R$ 18,9 bilhões, abaixo dos R$ 19,2 bilhões de 2023 e dos R$ 19,8 bilhões de 2022.

O desafio, agora, é reverter a curva de prejuízos e reposicionar os Correios em um mercado cada vez mais competitivo.

Acompanhe tudo sobre:CorreiosEmpresas estataisEstatais brasileirasGoverno Lula

Mais de Brasil

Taxa de desemprego cai para 5,2% em novembro, diz IBGE

43% dos eleitores querem vice-presidente que priorize economia, diz pesquisa

Banco Master: PF ouve envolvidos nesta terça e avalia possível acareação

Em 2025, o PIB cresceu e a inflação arrefeceu, mas gastos ainda preocupam