61% dos brasileiros são contrários à Copa América no país, diz EXAME/IDEIA
A disputa foi transferida para o Brasil de última hora e deve envolver cerca de 650 profissionais, entre atletas e comissões técnicas
Gilson Garrett Jr
Publicado em 11 de junho de 2021 às 07h00.
Última atualização em 11 de junho de 2021 às 13h50.
O primeiro jogo da Copa América está marcado para o próximo domingo, dia 13 de junho, no estádio Mané Garrincha, em Brasília. E 61% dos brasileiros não concordam que o país realize a competição. Somam 24% aqueles que são favoráveis, e 16% não sabem.
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É o que mostram os dados da mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. O levantamento ouviu 1.252 pessoas entre os dias 7 e 10 de junho. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Clique aqui para ler o relatório completo.
A competição estava prevista para ser realizada na Colômbia e na Argentina, mas foi transferida para o Brasil de última hora em razão de, respectivamente, protestos em Bogotá e do agravamento da pandemia entre os argentinos.
De acordo com a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), organizadora do evento, são 28 jogos até o dia 10 de julho, envolvendo 650 pessoas, entre jogadores e as comissões técnicas das seleções. Além da capital federal, haverá partidas em Cuiabá, Goiânia, e Rio de Janeiro, onde será realizada a final da Copa América.
“Quem é contrário à Copa no Brasil tem uma correlação com a desaprovação do governo. Quanto maior o grau de discordância em relação aos jogos, maior é a rejeição ao presidente Jair Bolsonaro. Isso mostra um viés político, ou pelo menos de avaliação de governo, em relação ao tema. A maioria da população não vê benefício na Copa América”, avalia Maurício Moura, fundador do IDEIA.
Entre os homens, 54% não concordam com a realização da Copa América no Brasil. Já entre as mulheres, este número sobe para 67%. Na região Norte, 42% avaliam que o país não deve sediar o evento. Na região Centro-Oeste, que vai receber jogos, o sentimento contrário é preponderante para 57%.
Apesar de todas as partidas serem sem público nos estádios, muitos brasileiros se preocupam com as aglomerações que podem ocorrer em bares, restaurantes, ou mesmo nas ruas. Para 75%, a disputa pode levar a um agravamento da situação da pandemia de covid-19 no Brasil. Os jogadores da seleção brasileira até cogitaram boicotar o evento, mas decidiram jogar.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem uma média diária de 1.687 novas mortes por covid-19, e quase 60 mil novos casos. O patamar é um dos mais elevados desde o início da pandemia. Além disso, a vacinação anda em ritmo lento. Até a última quinta-feira, 10, foram vacinadas, com as duas doses, pouco mais de 10% da população.
Para tentar impedir qualquer tipo de disseminação e aumento de casos e de mortes, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, divulgou, no início da semana, um protocolo de segurança que todas as seleções precisam seguir.
As equipes devem contratar um plano de saúde privado. O teste negativo de RT-PCR, considerado mais preciso, é obrigatório até 48 horas antes de cada partida. Os atletas e comissão não podem sair dos hotéis em que vão ficar hospedados e todos os voos entre as cidades serão fretado, para reduzir o contato com outras pessoas que não fazem parte da competição.
STF libera a realização da Copa América
Assim que o presidente Jair Bolsonaro anunciou a realização da Copa América no Brasil, muitas entidades e parlamentares fizeram oposição e recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF). O julgamento de três ações contrárias ao torneio começou em formato virtual na quinta-feira, 10, e a corte já formou maioria no sentido de liberar os jogos.
A relatora de duas ações, a ministra Carmén Lúcia, recusou aAção de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF)pela "carência de atendimento aos pressupostos processuais", como a ausência de indicação do ato do Poder Executivo a ser revogado.
Ela disse, no entanto, que a recusa da ação "não exime os agentes públicos competentes de adotarem decisões e providências sanitárias, de segurança pública e outras que deem cumprimento aos protocolos adotados no plano nacional, estadual e local".
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