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Consultoria vê "contas correntes fora da curva" em junho

A Rosenberg espera que o saldo negativo fique em US$ 80 bilhões até o fim do ano


	O resultado menor divulgado pelo BC ocorreu, segundo Bistafa, porque a balança comercial registrou forte superávit em junho, de US$ 2,3 bilhões
 (REUTERS/Andres Stapff)

O resultado menor divulgado pelo BC ocorreu, segundo Bistafa, porque a balança comercial registrou forte superávit em junho, de US$ 2,3 bilhões (REUTERS/Andres Stapff)

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Da Redação

Publicado em 23 de julho de 2013 às 15h19.

São Paulo - O economista da Rosenberg & Associados Rafael Bistafa disse nesta terça-feira, 23, que, apesar da redução do déficit em contas correntes em junho, o resultado é um "ponto fora da curva" em relação à tendência que se observa desde novembro. Ele citou que o déficit acumulado em 12 meses girava em torno de US$ 52 bilhões em novembro do ano passado e atingiu US$ 72,465 bilhões em junho.

"A conta aumentou US$ 20 bilhões em questão de um semestre. A melhora em junho não inverte a tendência de aprofundamento do déficit em transações correntes e de leve estabilidade do Investimento Estrangeiro Direto (IED) em nível elevado, mas já não suficiente para cobrir todo o déficit em transações correntes", disse Bistafa. A Rosenberg espera que o saldo negativo fique em US$ 80 bilhões até o fim do ano.

O Banco Central (BC) divulgou mais cedo que o déficit em transações correntes do país somou US$ 3,953 bilhões em junho. O resultado ficou abaixo do intervalo previsto, segundo levantamento do AE Projeções, que apontava déficit entre US$ 4,2 bilhões e US$ 6,1 bilhões.

A estimativa da Rosenberg era de que o déficit em transações correntes ficasse em US$ 4,7 bilhões. O resultado menor divulgado pelo BC ocorreu, segundo Bistafa, porque a balança comercial registrou forte superávit em junho, de US$ 2,3 bilhões. "Para se ter ideia, em junho de 2012 o superávit havia sido de US$ 800 milhões."

O economista afirmou que o saldo de US$ 2,3 bilhões da balança comercial foi inflado pela exportação de uma plataforma de petróleo no valor de US$ 1,6 bilhão. "Além disso, houve queda de 37,9% em junho, ante junho de 2012, nas importações de combustíveis e lubrificantes, principal item da pauta de importação brasileira."

Como pontos negativos, Bistafa destacou a forte queda na despesa de aluguel de equipamentos, dentro da conta de serviços. A baixa foi de 33% em junho ante o mesmo mês do ano passado. "Não é um bom indicativo para o investimento doméstico nem para a perspectiva de crescimento econômico."


Ele afirmou que, apesar de junho ter apresentado volatilidade expressiva nos mercados internacionais, com depreciação do câmbio, a rubrica viagens internacionais manteve o comportamento e registrou aumento de 21% em junho frente junho de 2012. "Para o próximo semestre, o dólar mais apreciado tende a diminuir o ímpeto de o pessoal viajar, mas junho ainda foi bastante forte."

Bistafa também destacou como ponto negativo a taxa de 71% de rolagem das dívidas de empresas públicas e privadas. "Desde abril de 2012, a taxa não caía abaixo de 100%", salientou. Segundo ele, o resultado está ligado à volatilidade do cenário internacional. "É preciso acompanhar para ver se a taxa de rolagem vai ficar abaixo de 100% nas próximas leituras. Se continuar, acende o sinal amarelo nas perspectivas de financiamento do balanço de pagamentos." No entanto, o economista acredita que a taxa tende ultrapassar 100% à medida que os mercados se acalmem.

IED

De acordo com o BC, o IED somou US$ 7,170 bilhões em junho, resultado acima dos US$ 5,822 bilhões no mesmo período do ano passado. Os aportes externos voltados ao investimento produtivo ficaram acima das estimativas do mercado financeiro colhidas pelo AE Projeções, que iam de US$ 2 bilhões a US$ 6 bilhões.

Bistafa disse que a "surpresa positiva" ocorreu porque houve uma operação única de US$ 1,3 bilhão com recursos vindos do Chile para o setor de transporte. "Fora isso, a entrada de investimento continua estável em relação ao mesmo período do ano passado, mas em nível elevado." Ele frisou que a entrada de IED foi bastante dispersa entre os países que investem no Brasil. "Além disso, não teve nenhum setor específico que recebeu um maior investimento."

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