Centro de distribuição do Magazine Luiza: rede já começou a expansão a outras regiões (Germano Lüders/Site Exame)
Da Redação
Publicado em 14 de dezembro de 2010 às 14h32.
São Paulo - O fato de este ano ter sido marcado por intensos movimentos de consolidação entre varejistas, e mesmo de não terem restado alvos de grande porte para serem adquiridos, não significa que novas operações nesse sentido deixarão de ocorrer em 2011.
Mas, diferentemente do visto em 2010, é o movimento de consolidação regional que deve ganhar força no próximo ano, com destaque para o avanço das varejistas na direção do Centro-Oeste e do Nordeste, na visão de profissionais que acompanham o setor.
"Agora são 'players' regionais que passam a ser interessantes para expansão não-orgânica de empresas grandes, para ocupação de novas regiões", afirma o sócio da GS&MD Luiz Goes.
Após a aquisição do Ponto Frio, em 2009, o Pão de Açúcar atingiu liderança absoluta em móveis e eletrodomésticos ao se unir à Casas Bahia, há cerca de um ano, numa negociação que só alcançou acordo definitivo em julho deste ano.
A segunda posição também foi definida em meio a aquisições. Em março, as redes regionais Ricardo Eletro, Insinuante e City Lar se uniram para formar a Máquina de Vendas.
Consolidado na terceira posição, o Magazine Luiza deu início ao movimento de expansão regional este ano, após perder a disputa do Ponto Frio e da Insinuante para os concorrentes.
Em julho, a empresa comandada por Luiza Helena Trajano desembarcou no Nordeste, onde ainda não tinha operações, ao adquirir a Lojas Maia.
"É viável que Pão de Açúcar e Ricardo Eletro partam para essa expansão regional, como fez (o Magazine) Luiza, principalmente Nordeste e Centro-Oeste, onde há grande concentração de redes regionais", acrescenta Goes.
Embora não descarte aquisições, o Pão de Açúcar tem sido enfático em afirmar que irá priorizar expansão orgânica e captura de sinergias com Casas Bahia no próximo ano.
A Nova Globex, que concentrará todos ativos de eletrodomésticos do grupo --Ponto Frio, Casas Bahia e Extra Eletro--, prevê 15 novas lojas, além de 50 reformas e conversões, para 2011.
Já para o segmento de alimentos o Pão de Açúcar deve abrir de 60 a 100 lojas no formato Extra Fácil a partir do próximo ano. Também na lista de prioridades do grupo, a rede de atacarejo Assaí deve avançar para Centro-Oeste e Nordeste.
"As varejistas vão buscar redes menores já consolidadas, onde ainda não têm operações para atingir aquele público e buscar mercados ainda não alcançados", diz o analista Mário Bernardes, do BB Investimentos.
No caso de Pão de Açúcar, Bernardes espera maiores avanços em termos de comércio eletrônico. O grupo já integrou as plataformas logística e tecnológica de seus sites, que darão origem à Nova Pontocom, "aos moldes da B2W", prevista para entrar em operação em 2012, quando a unidade pode realizar uma Oferta Pública Inicial de ações (IPO, em inglês).
"(Pão de Açúcar) pode estar avaliando oportunidades de compra, mas nada grande deve ser anunciado. Devem estar vendo aquisições de drogarias e postos de gasolina", acredita o analista do BB Investimentos.
No mesmo sentido, a analista Julia Monteiro, da Brascan, aposta em aquisições regionais de redes mais voltadas às classes C e D em 2011, com vasta presença no Norte e Nordeste.
"A consolidação de grandes grupos criou uma disparidade e esta é uma forma de sobrevivência para as redes menores, menos conhecidas", diz ela.
Em contrapartida, o Sul do país deve permanecer fora dos planos das varejistas, que encontram certa resistência para entrada na região, tradicionalmente "bairrista".
"O Sul é muito resistente para empresas entrarem. O Pão de Açúcar não vai tirar a rede Zaffari de lá, que é muito forte... Casas Bahia também teve que sair (do Sul)", afirma Bernardes.
Para o analista do BB investimentos, um negócio de maior porte que pode ser considerado como praticamente certo em 2011 é a compra da Casa&Vídeo pela Lojas Americanas, que vem sido discutida há meses. "A empresa certamente recebeu outras propostas, mas deve fechar com Americanas. É um negócio bom e barato para eles."
Presença internacional
Outra tendência apontada pelos profissionais envolve a entrada mais agressiva de representantes internacionais no varejo doméstico.
"Veremos um aumento da entrada de gente de fora no varejo brasileiro. Players internacionais viram uma oportunidade de crescimento nos países emergentes e o Brasil é destaque nesse sentido, se mostrando como grande alvo de redes internacionais de varejo", afirma Goes, da GS&MD.
Bernardes, do BB Investimentos, concorda. "Redes internacionais já demonstram interesse em comprar varejistas menores consolidadas aqui, para ter uma porta de entrada no setor e não começar do zero. Há interesse principalmente dos norte-americanos em entrar aqui."