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Conservadores acham que corrupção ruim é a dos outros, afirma Barroso

Parte da classe política, da classe empresarial e da burocracia estatal fizeram um pacto de "saque do dinheiro público", disse o ministro

Luis Roberto Barroso: Obstáculos para o combate à corrupção está no fato de que parte do pensamento progressista ainda achar os fins justificam os meios (Antônio Cruz/Agência Brasil/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de abril de 2019 às 12h31.

São Paulo - O ministro do Supremo Tribunal Federal ( STF ) Luis Roberto Barroso avalia que um dos obstáculos ao enfrentamento da corrupção no Brasil é que parte do pensamento conservador no país considera que corrupção ruim é a dos outros. "Com isso, perpetuam no poder elites extrativistas que canalizam para si a renda", disse ao participar do evento "Estadão Discute Corrupção", realizado na sede do jornal O Estado de S.Paulo, para discutir as operações Lava Jato e Mãos Limpas.

Barroso citou que entre os obstáculos para o combate à corrupção está no fato de que parte do pensamento progressista ainda achar que corrupção é um "pé de página e que os fins justificam os meios". "A corrupção desvia os recursos para o lado errado", disse ele. Barroso ressaltou que o "garantismo à brasileira" favorece a impunidade.

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O ministro começou sua apresentação ressaltando que entre as causas da corrupção disseminada no Brasil está o sistema político conivente com essas práticas irregulares e a cultura da impunidade até o passado recente. "Eram esquemas profissionais de arrecadação e distribuição de dinheiro", disse ele, ressaltando que estas práticas estavam entranhadas nas instituições da República.

Parte da classe política, da classe empresarial e da burocracia estatal fizeram um pacto de "saque do dinheiro público", disse o ministro. "Essas pessoas se consideravam sócios do Brasil e cobravam participação em todos os contratos públicos relevantes", afirmou em sua apresentação.

Mudanças

"O que mudou no Brasil dos últimos anos foi uma imensa reação da sociedade", afirmou Barroso, ressaltando que houve mudanças de atitudes, que começaram durante o escândalo do mensalão. Segundo ele, ocorreu também mudança da legislação e da jurisprudência. "Houve processo histórico empurrado pela sociedade de transformação das instituições."

O problema do Judiciário no Brasil não é independência, disse o ministro, é eficiência e celeridade. Ele destacou que o Judiciário brasileiro é de fato independente e afirmou que a Operação Lava Jato não deve seguir os mesmos caminhos da operação Mãos Limpas na Itália.

Ainda em sua apresentação, Barroso defendeu o investimento à educação como forma de aumentar a produtividade do brasileiro. O ministro também afirmou que o modelo de fechamento da economia impediu que as empresas se tornassem competitivas.

Acompanhe tudo sobre:Luís Roberto BarrosoSupremo Tribunal Federal (STF)

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