Dilma será a 12ª mulher no comando na América Latina
Quando ela assumir, em janeiro, serão quatro mulheres na presidência no continente
Da Redação
Publicado em 23 de agosto de 2012 às 20h47.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h38.
São Paulo - Quando a presidente eleita Dilma Rousseff assumir o poder no dia 1º de janeiro de 2011, ela terá entrado para um seleto grupo. Ela é a primeira mulher eleita para a presidência da República no Brasil. Além dela, até agora, apenas 11 mulheres chegaram ao cargo máximo do poder público em seus países na América Latina. Ao receber a faixa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma será a quarta mulher no exercício do poder no continente. Ela fará companhia às presidentes da Argentina, Cristina Kirchner e da Costa Rica, Laura Chinchila, bem como à primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar. Quem puxou a fila das latinoamericanas no poder foi a argentina María Estela Martínez de Perón, terceira esposa do general Juan Domingo Perón. Ela governou o país entre 1974 e 1976, assumindo o cargo depois da morte de seu marido. Dilma, economista de 62 anos, foi escolhida pelos eleitores brasileiros para ocupar a presidência logo em sua primeira candidatura a um cargo público. Ela era praticamente desconhecida até ocupar o cargo de ministra-chefe da Casa Civil. Muito do sucesso de sua caminhada até o Planalto pode ser atribuído ao fato dela ter sido apoiada pelo presidente Lula.
São Paulo - A primeira mulher a chegar à presidência na América Latina foi a argentina María Estela Martínez de Perón, mais conhecida como Isabelita Perón. Terceira mulher do general Juan Domingo Perón, ela governou o país entre 1974 e 1976, depois da morte do marido. Quando Isabelita se casou com o general, ele já havia exercido dois mandatos como presidente da Argentina. Durante os anos 1960, ela acompanhou o marido em seu exílio na Espanha. Quando Perón regressou ao país, ela o apoiou em uma terceira candidatura, concorrendo como sua vice-presidente. Juan Domingo Perón venceu as eleições de 1973, e permaneceu no poder entre janeiro e julho de 1974, quando morreu. Isabelita assumiu o poder e governou até 1976, quando foi deposta por uma junta militar liderada por Jorge Rafael Videla.
São Paulo - Violeta Chamorro foi a primeira mulher que chegou à presidência na América Latina por meio de eleições para este cargo. Ela governou a Nicarágua entre 1990 e 1997. Isabelita Perón também havia sido eleita na Argentina, mas como vice-presidente. Nas eleições de 1990, Violeta liderou a União Nacional Opositora na vitória sobre os sandinistas, encabeçados por Daniel Ortega, que atualmente ocupa a presidência do país. Em 1997 ela foi substituída por Arnoldo Alemán.
São Paulo - Janet Jagan, norte-americana de origem judaica, foi presidente da Guiana entre 1997 e 1999. Assim como no caso de Isabelita Perón, Janet foi eleita como vice-presidente de seu marido, Cheddi Jagan, e assumiu a presidência quando ele morreu. Depois de dois anos como chefe de estado, Janet renunciou ao cargo devido a problemas de saúde. Ela foi sucedida por Bharrat Jagdeo.
São Paulo - Mireya Moscoso, do Panamá, é mais uma no grupo das viúvas de ex-presidentes que chegaram ao mesmo cargo de seus maridos. Ela foi eleita em 1999 e permaneceu no poder até 2004. O fato de ela ser a primeira mulher presidente no país trouxe um clima de renovação e perspectiva de mudanças políticas. Entretanto, ao longo de seu governo, diversos escândalos e casos de corrupção vieram à tona.
Logo após ser eleita, Mireya presenteou todos os 72 membros da Assembleia Legislativa do país com relógios e brincos de grife, pouco antes da votação do orçamento para o governo. Na época, ela alegou serem presentes de Natal, pagos com seu próprio dinheiro.
Logo após ser eleita, Mireya presenteou todos os 72 membros da Assembleia Legislativa do país com relógios e brincos de grife, pouco antes da votação do orçamento para o governo. Na época, ela alegou serem presentes de Natal, pagos com seu próprio dinheiro.
São Paulo - A médica Michelle Bachelet foi a primeira mulher eleita presidente no Chile. Seu mandato foi de março de 2006 a março de 2010. Socialista, participou do movimento estudantil de oposição à ditadura de Augusto Pinochet. Por essa razão, aos 22 anos, chegou a ser presa e torturada antes de sair para o exílio. Sua carreira na política ganhou relevância quando, em 1990, ela chegou ao Ministério da Saúde, ocupando diversos cargos. Em 2000 foi nomeada ministra da Saúde e em 2002, assumiu o Ministério da Defesa. Depois de ser eleita presidente, Michelle Bachelet aplicou medidas importantes para o país, como a gratuidade do sistema público de saúde a idosos com mais de 60 anos. Ela também criou uma comissão para reformar o sistema previdenciário chileno.
São Paulo - A trajetória de Cristina Kirchner tem pontos comuns à de Isabelita Perón. Ambas foram casadas com ex-presidentes da Argentina. As duas chegaram à presidência também. A diferença é que Cristina foi eleita, enquanto Isabelita assumiu o cargo por ser vice de seu marido, morto ao longo do mandato. À semelhança da esposa de Perón, Cristina também perdeu o marido, Néstor Kirchner, que morreu na semana passada. O político, que antecedeu sua esposa no cargo público mais importante do país, teve papel fundamental na eleição de Cristina. Primeira mulher eleita por voto direto na Argentina, Cristina venceu as eleições de 2007 no primeiro turno com 45% dos votos.
São Paulo - Outra mulher além de Dilma Rousseff foi eleita presidente em 2010. A costarriquenha Laura Chinchilla venceu as eleições em fevereiro e ocupou o cargo no mês seguinte, para um mandato de quatro anos. Laura é cientista política e atuou como consultora na América Latina e na África, prestando serviços a organizações não-governamentais. Antes de se tornar presidente, ela ocupou a vice-presidência da República entre 2006 e 2008, durante o mandato de Oscar Arias Sánchez. Em 2008, ela deixou o cargo para se dedicar à sua carreira política, já com intenção de concorrer à presidência.
São Paulo - Lidia Gueiler assumiu a presidência da Bolívia em novembro de 1979, durante um período de instabilidade política no país. Nas eleições de 1978, o Congresso elegeu para a presidência Guevara Arze, e escolheu Lidia para presidir a Câmara dos Deputados. Entretanto, no início de novembro de 1979, o coronel Natush Buch deu um golpe de estado e tomou o poder. Como presidente da Câmara, Lidia se empenhou em encontrar uma solução para o caos político instalado. Em 16 de novembro, o Congresso decidiu revogar o cargo concedido a Guevara Arze, e recomendou Lidia Gueiler para a presidência da República. Depois que ela assumiu a presidência, a Bolívia enfrentou alguns de seus anos mais instáveis e violentos. Seu governo enfrentou uma grave crise econômica e tomou medidas impopulares, como a desvalorização da moeda.
São Paulo - Ertha Pascal-Trouillot foi a primeira mulher na história do Haiti a ocupar a presidência. Ela exerceu o cargo temporariamente, e ajudou a conduzir o processo de redemocratização do país. Ela presidia a Suprema Corte em 1990, quando o general Herard Abraham deu um golpe de estado. Ele tomou o poder do então presidente Prosper Avril, acusado de cometer uma série de crimes e violações dos direitos humanos. Logo após o golpe, Abraham entregou o poder e Ertha foi conduzida temporariamente à presidência para convocar eleições. Em 1991, ela supervisionou o primeiro processo eleitoral realmente livre no Haiti, no qual Jean-Bertrand Aristide foi eleito.
São Paulo - A primeira presidente mulher no Equador ficou apenas 48 horas no cargo. Rosalía Arteaga havia sido eleita vice-presidente em 1996, quando Abdala Bucaram chegou à presidência. Em fevereiro de 1997, Bucaram foi impedido de governar pelo Congresso. A partir daí, iniciou-se uma disputa pelo cargo entre Rosalía e o líder parlamentar Fabián Alarcón, porque a Constituição do país não era clara sobre quem deveria ser o sucessor. Rosalía Arteaga insistia que o vice-presiente deveria assumir o posto de titular, e no dia nove de fevereiro, prestou juramento como presidente da República. Dois dias depois, com apoio do Congresso e das forças armadas, Alarcón tomou posse, e Rosalía foi destituída.
São Paulo - Dentre as 12 líderes da América Latina, a única que não ocupa o cargo de presidente é Kamla Persad-Bissessar. A primeira-ministra de Trinidad e Tobago,e entretanto é a autoridade máxima em seu país. Ela foi eleita em 2010. Kamla foi líder do Congresso Nacional Unido, partido de oposição ao ministro Patrick Manning. Durante o governo do adversário, ela chamou a atenção para o fato de que o tráfico de drogas havia aumentado. Enquanto Manning foi primeiro-ministro, houve denúncias de corrupção e aumento da violência no país, o que contribuiu para a posterior vitória de Kamla nas eleições.