Competição mostrou problemas a serem resolvidos até 2014
Copa das Confederações, que serviu de ensaio geral para a Copa do Mundo de 2014, também mostrou que Brasil precisa melhorar muito em termos de infraestrutura
Da Redação
Publicado em 1 de julho de 2013 às 14h53.
Rio de Janeiro - De um lado, uma chuva de gols e a torcida em festa. Do outro, a fumaça e o cheiro de gás em protestos que levam milhares às ruas com uma forte repressão policial. A Copa das Confederações , que serviu de ensaio geral a um ano da Copa do Mundo de 2014, foi conturbada, mostrando que o "país do futebol" pode deixar a paixão nacional em segundo plano para mostrar sua insatisfação.
A competição também deixou claro que, apesar de contar com seis estádios novinhos em folha adequados ao "Padrão" Fifa, mesmo entregues com atraso, o Brasil ainda precisa melhorar muito até o ano que vem em termos de infraestrutura.
O transporte, com poucas opções de mobilidade urbana e aeroportos ultrapassados, foi o principal ponto negativo, assim como as telecomunicações.
No ano que vem, o país terá um desafio muito maior com a Copa do Mundo, que terá quatro vezes mais equipes (32 ao invés de 8) e o dobro de estádios (12), com muito mais turistas estrangeiros (a previsão é de 600.000, 30 vezes mais do que na Copa das Confederações).
Todos os 15 dias de competição foram marcados por protestos maciços por uma melhoria nos serviços públicos e contra os gastos bilionários das obras da Copa (avaliados em 15 bilhões de dólares). Muitas vezes, as manifestações foram dispersadas com o uso de bombas de gás lacrimogênio e de balas de borracha quando o perímetro de segurança dos estádios era ameaçado. Houve também várias denúncias de repressão policial abusiva contra manifestantes pacíficos.
Inclusive, centenas de torcedores que estavam a caminho dos estádios foram pegos no meio dos confrontos, exibindo seus ingressos como salvo-conduto para poder ultrapassar a barreira policial e assistir às partidas.
Na final de domingo, no Maracanã, foi até possível sentir um leve cheiro de gás das arquibancadas. Enquanto o Brasil atropelava a Espanha por 3 a 0, policiais e manifestantes travavam uma verdadeira batalha campal.
O secretário-geral da Fifa, o francês Jérôme Valcke, afirmou: "Algumas coisas não funcionaram porque recebemos os estádios um pouco tarde". O Maracanã, o Mineirão, a Arena Fonte Nova, a Arena Pernambuco o Castelão e o estádio Nacional Mané Garrincha apresentarão boas condições, apesar de algumas falhas nos acabamentos.
Muitas vezes, os controles de acesso eletrônico não funcionaram. Na Arena Fonte Nova de Salvador, o sistema de raio-x nem estava instalado na área de imprensa. Os torcedores também se queixaram das longas filas enfrentadas nas lanchonetes, onde a comida era vendida a preços altíssimos (R$6 a garrafa d´água, R$8 o cachorro quente).
Para os demais seis estádios que receberão partidas da Copa do Mundo (São Paulo, Manaus, Natal, Cuiabá, Porto Alegre e Curitiba), Valcke deixou claro que o prazo não poderá ser ultrapassado. Todos terão que ser entregues até o dia 5 de janeiro.
A torcida mereceu aplausos. Empolgadíssima, emocionou ao cantar à capela do fim do hino nacional nos jogos do Brasil. De arrepiar.
Esse entusiasmo também foi visto em partidas envolvendo seleções de outros países. No Mineirão, no Maracanã e na Arena Pernambuco, praticamente todos apoiaram o Taiti, que foi atropelado em todas as suas partidas mas ganhou de goleada no quesito simpatia.
Já a Espanha, considerada a melhor seleção do mundo, foi vaiada em todos os seus jogos, antes de ser humilhada pelo "Olé" da torcida quando não via a cor da bola na final contra o Brasil.
As obras de mobilidade urbana estavam claramente atrasadas. No Rio de Janeiro o metrô funcionou bem. Em Salvador, o governo colocou vários ônibus à disposição dos torcedores e a avaliação foi positiva. Já no Recife, percorrer os cerca trinta quilômetros que separam o centro da cidade da Arena Pernambuco numa estrada esburacada e, muitas vezes, engarrafada foi uma verdadeira dor de cabeça.
Apenas 3% dos torcedores que assistiram à Copa das Confederações eram estrangeiros, um número muito menor do que o esperado para o Mundial do ano que vem.
O tráfego aéreo não foi muito maior do que o normal, mas mesmo assim houve vários problemas. Os aviões estavam sempre lotados e os passageiros tiveram que enfrentar longas filas no check-in em terminais obsoletos. Muitos tapumes tentavam disfarçar as áreas ainda em obras.
Nos estádios, muitas vezes era difícil fazer uma simples ligação. O 4G, exigência da Fifa, funcionou apenas em determinados lugares das arenas, com conexões lentas, constataram fotógrafos da AFP, que precisavam transmitir uma grande quantidade de imagens em poucos minutos.
Rio de Janeiro - De um lado, uma chuva de gols e a torcida em festa. Do outro, a fumaça e o cheiro de gás em protestos que levam milhares às ruas com uma forte repressão policial. A Copa das Confederações , que serviu de ensaio geral a um ano da Copa do Mundo de 2014, foi conturbada, mostrando que o "país do futebol" pode deixar a paixão nacional em segundo plano para mostrar sua insatisfação.
A competição também deixou claro que, apesar de contar com seis estádios novinhos em folha adequados ao "Padrão" Fifa, mesmo entregues com atraso, o Brasil ainda precisa melhorar muito até o ano que vem em termos de infraestrutura.
O transporte, com poucas opções de mobilidade urbana e aeroportos ultrapassados, foi o principal ponto negativo, assim como as telecomunicações.
No ano que vem, o país terá um desafio muito maior com a Copa do Mundo, que terá quatro vezes mais equipes (32 ao invés de 8) e o dobro de estádios (12), com muito mais turistas estrangeiros (a previsão é de 600.000, 30 vezes mais do que na Copa das Confederações).
Todos os 15 dias de competição foram marcados por protestos maciços por uma melhoria nos serviços públicos e contra os gastos bilionários das obras da Copa (avaliados em 15 bilhões de dólares). Muitas vezes, as manifestações foram dispersadas com o uso de bombas de gás lacrimogênio e de balas de borracha quando o perímetro de segurança dos estádios era ameaçado. Houve também várias denúncias de repressão policial abusiva contra manifestantes pacíficos.
Inclusive, centenas de torcedores que estavam a caminho dos estádios foram pegos no meio dos confrontos, exibindo seus ingressos como salvo-conduto para poder ultrapassar a barreira policial e assistir às partidas.
Na final de domingo, no Maracanã, foi até possível sentir um leve cheiro de gás das arquibancadas. Enquanto o Brasil atropelava a Espanha por 3 a 0, policiais e manifestantes travavam uma verdadeira batalha campal.
O secretário-geral da Fifa, o francês Jérôme Valcke, afirmou: "Algumas coisas não funcionaram porque recebemos os estádios um pouco tarde". O Maracanã, o Mineirão, a Arena Fonte Nova, a Arena Pernambuco o Castelão e o estádio Nacional Mané Garrincha apresentarão boas condições, apesar de algumas falhas nos acabamentos.
Muitas vezes, os controles de acesso eletrônico não funcionaram. Na Arena Fonte Nova de Salvador, o sistema de raio-x nem estava instalado na área de imprensa. Os torcedores também se queixaram das longas filas enfrentadas nas lanchonetes, onde a comida era vendida a preços altíssimos (R$6 a garrafa d´água, R$8 o cachorro quente).
Para os demais seis estádios que receberão partidas da Copa do Mundo (São Paulo, Manaus, Natal, Cuiabá, Porto Alegre e Curitiba), Valcke deixou claro que o prazo não poderá ser ultrapassado. Todos terão que ser entregues até o dia 5 de janeiro.
A torcida mereceu aplausos. Empolgadíssima, emocionou ao cantar à capela do fim do hino nacional nos jogos do Brasil. De arrepiar.
Esse entusiasmo também foi visto em partidas envolvendo seleções de outros países. No Mineirão, no Maracanã e na Arena Pernambuco, praticamente todos apoiaram o Taiti, que foi atropelado em todas as suas partidas mas ganhou de goleada no quesito simpatia.
Já a Espanha, considerada a melhor seleção do mundo, foi vaiada em todos os seus jogos, antes de ser humilhada pelo "Olé" da torcida quando não via a cor da bola na final contra o Brasil.
As obras de mobilidade urbana estavam claramente atrasadas. No Rio de Janeiro o metrô funcionou bem. Em Salvador, o governo colocou vários ônibus à disposição dos torcedores e a avaliação foi positiva. Já no Recife, percorrer os cerca trinta quilômetros que separam o centro da cidade da Arena Pernambuco numa estrada esburacada e, muitas vezes, engarrafada foi uma verdadeira dor de cabeça.
Apenas 3% dos torcedores que assistiram à Copa das Confederações eram estrangeiros, um número muito menor do que o esperado para o Mundial do ano que vem.
O tráfego aéreo não foi muito maior do que o normal, mas mesmo assim houve vários problemas. Os aviões estavam sempre lotados e os passageiros tiveram que enfrentar longas filas no check-in em terminais obsoletos. Muitos tapumes tentavam disfarçar as áreas ainda em obras.
Nos estádios, muitas vezes era difícil fazer uma simples ligação. O 4G, exigência da Fifa, funcionou apenas em determinados lugares das arenas, com conexões lentas, constataram fotógrafos da AFP, que precisavam transmitir uma grande quantidade de imagens em poucos minutos.