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Um raio-x das traições a Temer na sessão que o livrou do STF

6 das principais siglas que apoiaram Temer saíram divididas na votação. Embora gere fôlego para o presidente, resultado aponta fragilidade do governo

 Câmara dos Deputados (Wilson Dias/Agência Brasil)

Câmara dos Deputados (Wilson Dias/Agência Brasil)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 3 de agosto de 2017 às 06h00.

Última atualização em 7 de agosto de 2017 às 17h10.

São Paulo — Michel Temer terminou a primeira batalha pela manutenção de seu mandato com mais de 100 votos (contando ausências e abstenções) do que o necessário para barrar o avanço da denúncia da Procuradoria-Geral da República contra ele por corrupção passiva. No discurso logo após a proclamação do resultado, o presidente foi ágil ao afirmar que o foco agora é colocar o Brasil de volta nos trilhos.

Mas os números da votação evidenciam que a tarefa está longe de ser fácil.

Para aprovar a reforma da Previdência, por exemplo, o governo precisa do apoio de três quintos da Câmara dos Deputados — 45 votos a mais do que conseguiu angariar (com muito custo) nesta quarta-feira.

O resultado da sessão que o livrou do STF também sinaliza uma excessiva dependência do centrão e uma baixa margem diante de eventuais deserções. "Temer tem pouco colchão para amortecer possíveis perdas de votos daqui para frente, além de ficar ainda mais dependente do centrão”, afirma Thiago Vidal, da consultoria Prospectiva.

Por outro lado, o comportamento dos deputados que pertencem aos partidos que declararam apoio a governo pode sinalizar que o jogo de barganhas com as bancadas ainda não foi suficiente. Pelo menos cinco das 15 legendas que orientaram a aprovação do parecer do deputado deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB) ficaram quase divididas na hora da votação. (Veja: Como votou cada deputado)

O PSDB, apesar do susto ao orientar voto a favor da denúncia, também acabou rachado: com 22 deputados do lado do governo, 21 contra e outros 4 ausentes.

Temer sai fortalecido depois desse dia 2 de agosto? Até segunda ordem, sim. Mas, como lembra Marcelo Issa, da Pulso Público, sua situação continua frágil. E a depender do desenrolar dos fatos (e do teor de possíveis novas denúncias), o custo para permanecer no Palácio do Planalto pode ser muito mais alto do que os mais de 2 bilhões de reais em emendas que liberou para a Câmara no último mês.

*Atualizado no dia 7 de agosto às 17h para corrigir o número de votos necessários para aprovar a reforma da Previdência. Na verdade, o governo precisa de três quintos da Câmara dos Deputados e não dois terços, como uma versão anterior da reportagem afirmava.

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