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Como o governo reagiu aos protestos de domingo

Análise do governo sobre manifestações que levaram mais de 1 milhão às ruas de todo o Brasil foi abafada por panelaços em diversas cidades

Manifestante com nariz de palhaço em frente ao Congresso Nacional, durante protesto realizado neste domingo (15) em Brasília (REUTERS/Joedson Alves)
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Da Redação

Publicado em 18 de março de 2015 às 16h26.

São Paulo – Após os protestos que levaram mais de um milhão às ruas de várias cidades em todos os estados brasileiros , os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rosseto (Secretaria-Geral da República) reafirmaram em coletiva de imprensa o discurso pela reforma política adotado pela presidente Dilma Rousseff (PT) desde a campanha eleitoral.

Os ministros afirmaram que as manifestações de hoje atestam que o Brasil é um estado democrático e está longe de golpismos. "Não há democracia sem diálogo, sem tolerância às posições divergentes", afirmou o ministro da Justiça. Uma das bandeiras de dois dos principais grupos que lideraram as manifestações de hoje é de que o país havia deixado de ser uma democracia durante os 12 anos de governo petista.

Cardozo também minimizou os efeitos dos protestos e da crise com a base aliada. "Não considero que nosso governo esteja fragilizado", afirmou. "Quem foi eleito por quase 55 milhões de votos não fica fragilizado. Saber conviver com opiniões contrárias é próprio do governo democrático".

Embora o ministro da Justiça tenha tentado durante todo o discurso adotar uma fala de reconciliação, em diversos momentos, Rosseto afirmou que os manifestantes que tomaram as ruas neste domingo não teriam votado na presidente Dilma Rousseff.

A exemplo do que aconteceu na semana passada durante pronunciamento da presidente, uma nova onda de panelaços foi ouvida em diversas cidades do Brasil enquanto os ministros faziam um balanço sobre as manifestações de hoje.

Os panelaços desta noite foram classificados pelo ministro Cardozo como uma manifestação democrática. "Não é por que é contra o governo, que nós não vamos respeitá-la. Democracia é isso. Talvez por fruto de uma cultura do período da ditadura, nós nos espantamos com manifestações democráticas", afirmou.

Medidas contra corrupção

De acordo com os ministros, a presidente deve apresentar nos próximos dias o conjunto de medidas anticorrupção prometido durante as eleições. Eles, contudo, não deram detalhes sobre quais ações seriam tomadas pela petista.

A proposta apresentada por Dilma no ano passado previa a aprovação de uma lei que transforme a corrupção e a prática do caixa dois em crime, além de alterar a estrutura do poder Judiciário para acelerar os processos contra acusados de crimes que tenham foro especial, entre outras medidas anunciadas durante a corrida eleitoral.

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Cardozo afirmou que as propostas ainda não tinham sido enviadas ao Congresso porque dependiam de análise técnica e jurídica, mas que a formulação delas já estava em estágio avançado.

“A indignação de Dilma com a corrupção acompanha a indignação do povo brasileiro”, afirmou Rosseto.

Fim do financiamento empresarial

Os ministros defenderam também o fim do financiamento empresarial de campanhas políticas. “Não é mais possível que possamos ter o financiamento empresarial, é necessário fechar esta porta", afirmou Cardozo.

O argumento vem no momento em que a Câmara dos Deputados discute pontos da reforma política. O principal ponto de embate é exatamente o financiamento de campanhas.

Enquanto o PT defende o fim do financiamento privado, Eduardo Cunha pretende incluir este tipo de doação na Constituição Federal.

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