Com nova defesa, Flávio Bolsonaro quer depor sobre "rachadinhas"
Em 2018, o MP convocou Flávio Bolsonaro a depor, mas o senador não se apresentou e passou a entrar com recursos pedindo o arquivamento do caso
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de junho de 2020 às 07h58.
Última atualização em 24 de junho de 2020 às 08h03.
Os novos advogados de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) entraram nesta terça, 23, com um pedido para que o senador seja ouvido sobre o suposto esquema de "rachadinhas" - apropriação de parte ou a totalidade do salário dos servidores - em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Luciana Pires e Rodrigo Roca informaram que protocolaram o pedido no Ministério Público do Rio de Janeiro para que Flávio possa "prestar esclarecimentos".
Com a saída de Frederick Wassef do caso, após o ex-assessor Fabrício Queiroz ter sido preso em sua casa em Atibaia, no interior de São Paulo, a dupla assumiu a defesa do senador na investigação sobre os supostos desvios de salários de funcionários da Alerj.
A iniciativa indica uma mudança na estratégia adotada pela defesa até aqui. Antes disso, em dezembro de 2018, o Ministério Público já havia convocado Flávio a depor, mas o senador não se apresentou diante dos promotores e passou a entrar com uma série de recursos questionando a investigação e pedindo o arquivamento do caso.
O primeiro foi apresentado ao Supremo Tribunal Federal e defendia o direito ao foro junto ao STF, uma vez que Flávio havia sido eleito ao Senado. O recurso acabou negado pelo ministro Marco Aurélio Mello.
Depois disso, a defesa de Flávio passou a apontar irregularidades, segundo os advogados, nos relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que identificaram movimentações atípicas de R$ 1,2 milhão nas contas de Queiroz e arrastaram o então deputado para o centro da investigação criminal. O recurso também acabou negado pelo STF no final do ano passado.
Amanhã, a Justiça do Rio vai julgar um pedido de habeas corpus apresentado pela defesa do senador em março. Caso a maioria dos cinco desembargadores da 3ª Câmara Criminal concorde com os argumentos dos advogados, todas as medidas cautelares adotadas no caso das "rachadinhas", incluindo as quebras de sigilo e a prisão de Fabrício Queiroz, podem ser anuladas.
Dobradinha
Na sexta-feira passada, 19, um dia após a prisão de Queiroz, o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro intimou o senador a prestar depoimento em uma segunda investigação relacionada ao caso. A intenção é que Flávio seja ouvido sobre supostos vazamentos da PF na Operação Furna da Onça.
A investigação faz parte do procedimento aberto para apurar declarações feitas pelo ex-aliado do governo, o empresário e pré-candidato à prefeitura do Rio, Paulo Marinho (PSDB), de que o filho mais velho do presidente foi previamente avisado da operação que trouxe à tona as movimentações atípicas nas contas de Queiroz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.