antes do incêndio no dia 2 de setembro de 2018, era um dos maiores museus de história natural e antropologia das Américas (Buda Mendes/Getty Images)
Agência Brasil
Publicado em 31 de agosto de 2019 às 17h39.
A reconstrução do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, zona norte da cidade, entrou hoje (31) em uma nova fase. A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) assinou junto à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e à Fundação Vale, um procolo de intenções para estabelecer um novo modelo de governança para o projeto Museu Nacional Vive, de reconstrução do espaço cultural, que antes do incêndio no dia 2 de setembro de 2018, era um dos maiores museus de história natural e antropologia das Américas.
O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, disse que o novo modelo vai permitir um ambiente adequado de conformidade para atração de investimentos privados. "Certamente quando você traz transparência, consegue melhorar este processo. Nós teremos também mais agilidade. A sociedade quer o seu Museu Nacional de volta, as crianças querem o museu de volta. Cabe a nós fazer isso acontecer", contou.
O coordenador-geral de Planejamento e Orçamento das Instituições Federais de Ensino do Ministério da Educação, Weber Gomes de Sousa, disse que, para o MEC, a reconstrução do Museu é uma ação prioritária do estado brasileiro. "Esta instituição que está representada nesse palácio ao nosso lado conta a história da nossa humanidade.
A reação da comunidade interna após a trágica ocorrência mostra a importância que o Museu tem para o mundo, não só para o Brasil. O MEC enxerga como prioridade e tem atuado de forma altiva apoiando o Museu", informou, acrescentando, que o MEC já repassou do seu próprio orçamento mais de R$ 16 milhões para o início da recuperação do Museu, como estabilização do prédio e a construção da cobertura.
A assinatura ocorreu em uma cerimônia dentro do que sobrou do Palácio São Cristóvão, sede do Museu Nacional, onde já foram realizadas obras de escoramento do prédio e de cobertura para garantir a qualidade do acervo que ficou em meio aos escombros. A reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, disse que a expectativa é de que entre o fim desse ano e o início do próximo comecem as obras da fachada do prédio e do telhado. Para 2022, ano do bicentenário da Independência, ela planeja a inauguração, de pelo menos, uma ala do novo Museu.
Conforme o protocolo, a Fundação Vale vai liberar R$ 50 milhões para emprego no novo modelo de governança para a reconstrução do museu. "O modelo de governança, sustentabilidade, velocidade para uma obra que é muito importante. Senhores, nós não podemos perder tempo. A sociedade nos cobra hoje transparência, velocidade e entrega", observou o diretor executivo de Relações Institucionais da Vale e presidente do Conselho de Curadores da Fundação Vale, Luiz Eduardo Osório.
O Museu conta ainda com R$ 21 milhões referentes a um projeto com o BNDES para a reforma do espaço cultural. Negociado antes do incêndio, ele teve o escopo alterado para permitir que os recursos sejam aplicados na reconstrução.
O superintendente de Gestão Pública e Socioambiental do BNDES, Júlio Costa Leite, que representou o banco na cerimônia, disse que o valor de R$ 21 milhões foi mantido. "Não adianta a gente só reformar e construir, mas tem que pensar na sustentabilidade dos museus, como dialogam com a sociedade e o banco está desenvolvendo muitas coisas em relação a isso", revelou.
Os recursos do BNDES, de acordo com a reitora da UFRJ, foram liberados para a Associação dos Museus. "Assim que o projeto executivo da fachada ficar pronto vamos licitar as obras usando uma parte dos recursos de emendas de bancada e uma parte do BNDES", disse.
Parlamentares da bancada federal do Rio de Janeiro estiveram presentes à cerimônia. Dois dias após o incêndio do Museu, em 2 de setembro de 2018, os deputados se comprometeram em destinar emendas impositivas no valor de R$ 55 milhões, referentes ao estado do ano passado com liberação prevista em 2019.
O coordenador da bancada fluminense em Brasília, deputado Hugo Leal (PSD/RJ), que falou em nome dos seus colegas, disse que a decisão foi tomada, apesar das outras responsabilidades que a bancada tinha para a aplicação dos recursos, como a área de saúde. Mas diante da falta de recursos para cumprir o orçamento da União, houve um contingenciamento linear de 21,65% no valor das emendas.
Hugo Leal garantiu que ainda assim, a bancada permanece com o compromisso de apoiar a recuperação do Museu. "Cada um de nós é responsável por essa reconstrução também. A bancada do Rio de Janeiro não vai ceder em hipótese nenhuma e nem abrir mão de um espaço que seja para poder recompor a história do Brasil e parte da história da humanidade", disse.
A coordenadora de Cultura da Unesco, Isabel de Paula, destacou a importância do novo modelo de governança do Museu, que, segundo ela, é um patrimônio histórico e científico comprovado pela comunidade internacional. "Mais do que olhar para trás, agora é hora de olhar com muito entusiasmo para frente, porque temos aqui uma grande união de esforços", pontuou.
O documentário Resgates, produzido pela Coordenadoria de Comunicação Social da UFRJ, e exibido em primeira mão na cerimônia emocinou os presentes. O trabalho mostra depoimentos de técnicos que atuaram nas obras emergenciais do Museu Nacional. O documentário está disponível a partir do dia 19 de setembro, no link youtube.com/webtvufrj.
Do lado de fora do Museu, no pátio em frente, os visitantes da Quinta da Boa Vista podem, neste fim de semana, aproveitar o Festival Museu Nacional Vive. O público vai poder se divertir com oficinas, mostras e exposições abertas com entrada franca.