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Com disputa interna, líderes tucanos evitam apoio explícito a Haddad

Temor do partido é que apoio aberto ao PT enfraqueceria a posição de tucanos de alto escalão na disputa pelo controle da sigla

PSDB: tucanos estão evitando declarações em favor de Fernando Haddad (Gerdan Wesley/PSDB/Divulgação)
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Reuters

Publicado em 25 de outubro de 2018 às 10h37.

Última atualização em 25 de outubro de 2018 às 11h17.

Brasília - O candidato do PT à Presidência, Fernando Haddad , conversou nos últimos dias com alguns dos principais líderes do PSDB para tentar um apoio mais explícito à sua candidatura mas, em meio a uma disputa interna pelo controle do partido, os tucanos estão evitando declarações em favor do petista, disse à Reuters uma fonte que acompanhou os diálogos.

Haddad telefonou na segunda-feira para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para uma conversa "institucional". Segundo o próprio candidato, falaram sobre os "riscos para a democracia" causados pela candidatura de Jair Bolsonaro (PSL). No mesmo dia, FHC havia criticado duramente em sua conta no Twitter o discurso de Bolsonaro em que o candidato havia dito que seus opositores iriam para a cadeia ou para o exílio.

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O petista revelou também que conversou com o senador Tasso Jereissati (CE), ex-presidente do partido. De acordo com a fonte, Haddad falou ainda com o ex-governador Geraldo Alckmin, atual presidente do partido e candidato tucano à Presidência derrotado no primeiro turno.

As conversas, disse a fonte, foram boas, mas sem promessas de apoio explícito a Haddad. Não por problemas com o petista, mas por questões internas tucanas.

Um apoio aberto ao PT enfraqueceria a posição desses tucanos de alto escalão na disputa pelo controle do partido e abriria espaço para um crescimento do candidato do PSDB ao governo de São Paulo, João Doria, que declarou apoio a Bolsonaro no segundo turno da disputa paulista, e para o escanteamento do grupo mais moderado da legenda.

O temor no partido é que, se Doria vencer a eleição em São Paulo, o neotucano se fortaleça o suficiente para escantear Alckmin da presidência do PSDB e levar a sigla ainda mais para a direita. Um erro de cálculo agora, com Alckmin e seu grupo dando apoio a Haddad, pode enfraquecer ainda mais sua posição.

Nesta quarta, o ex-presidente do PSDB Alberto Goldman - inimigo declarado de Doria, e que foi alvo de uma tentativa do ex-prefeito de expulsá-lo do partido - declarou publicamente voto em Haddad.

O tucano disse que pretendia não votar em ninguém, mas o discurso de Bolsonaro feito domingo, por videoconferência para uma manifestação a seu favor, levou Goldman a reconsiderar.

"Do outro lado está a direita raivosa. O discurso de domingo o candidato veio de forma tão raivosa, tão inaceitável, dizendo que as pessoas suas adversárias poderiam ser banidas, seriam presos e apodreceriam na prisão, uma linguagem absurda", disse Goldman em um vídeo distribuído nas redes sociais.

"Aí cheguei à conclusão que não estou disposto a pagar para ver. E contra minha vontade, contra meus princípios e contra esses anos todos de luta contra o PT, vou acabar votando em Haddad."

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