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Com cenário indefinido, eleição no Rio tem disputas abertas por apoios

Embora ensaiem candidaturas próprias, PP e MDB são cobiçados por Paes e Ramagem

Eleições no RJ: cobiçado por aliados de Paes e Ramagem, o União ocupa secretarias tanto na gestão municipal quanto na do governador Cláudio Castro (PL) (Tomaz Silva/Agência Brasil)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 12 de janeiro de 2024 às 08h44.

A nove meses das eleições municipais, os três principais pré-candidatos à prefeitura do Rio vêm travando disputas e enfrentando impasses para selar apoios.

O prefeito Eduardo Paes (PSD) e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL) tentam atrair partidos como União Brasil e PP — que assim como o MDB ensaia candidatura própria —, enquanto o psolista Tarcísio Motta busca aglutinar as siglas de esquerda em torno de seu nome.

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Cobiçado por aliados de Paes e Ramagem, o União ocupa secretarias tanto na gestão municipal quanto na do governador Cláudio Castro (PL), que já declarou apoio ao seu correligionário. Articuladores apontam que o partido deve desembarcar do governo Paes nas próximas semanas, em sinal de apoio ao ex-chefe da Abin, que é uma aposta de Jair Bolsonaro no Rio.

O movimento estaria ligado ao interesse do presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar, que recentemente trocou o PL pelo União, de disputar o Palácio Guanabara em 2026. O objetivo é afastar seu novo partido de Eduardo Paes que, caso reeleito, se fortaleceria para concorrer ao governo estadual. No entanto, uma parte dos dirigentes do União — entre eles, o presidente estadual Antonio Rueda, que assume o comando nacional da agremiação em fevereiro — tem boa interlocução com o prefeito.

No PP, o ex-secretário de Meio Ambiente de Paes, Marcelo Queiroz, se coloca como pré-candidato com apoio de caciques do partido. Segundo o presidente estadual, Dr. Luizinho, a candidatura de Queiroz pode servir como vitrine para a sigla, que busca eleger ao menos 20 prefeitos no Rio:

— O PL já nos procurou, Paes também, mas nosso intuito hoje é ter candidatura própria com Marcelo à frente da chapa. O PP foi da base do ex-presidente Bolsonaro, mas queremos nossa identidade própria.

Articuladores apontam que a presença de Queiroz no palanque será para marcar posição. Em eventual segundo turno, o PP, que tem cadeiras no governo estadual, deve caminhar com Castro e Ramagem.

Em novembro, Dr. Luizinho esteve em almoço que reuniu Altineu Côrtes (PL), Washington Reis (MDB), Aureo Ribeiro (Solidariedade), além do próprio Castro. A foto foi interpretada como um sinal de um apoio encaminhado a Ramagem, o que foi negado.

Outro partido da base do governador, o MDB aposta na pré-candidatura do deputado federal Otoni de Paula. O presidente estadual, Leonardo Picciani, diz que endossos a outras candidaturas estão fora de questão, ao menos, por ora.

— Nesse momento, não se discute apoio a nenhum outro candidato — garante.

Integrantes da sigla, no entanto, defendem que terão lealdade a Castro no palanque de Ramagem, independentemente de Picciani. Entre eles, o secretário estadual de Transportes, Washington Reis, que tenta se cacifar para concorrer a presidente estadual.

— A minha tendência é estar ao lado do governador. Se ele resolver apoiar Ramagem, vou com ele. Minha opinião é de que a família Otoni naturalmente vai dar bênção ao governador e acompanhar.

A articulação em torno das posições de MDB, PP e União Brasil no pleito ocorre após Eduardo Paes ter conseguido atrair o Republicanos para sua base, com a nomeação de Chiquinho Brazão para a Secretaria da Ação Comunitária. O movimento ocorreu após rompimento do presidente estadual da sigla, Waguinho, com Cláudio Castro, e contou com a anuência do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. A aliança, no entanto, não abrange a ala religiosa da sigla, ligada à Igreja Universal. Neste contexto, Paes pode enfrentar interferências do ex-prefeito Marcelo Crivella, influente na sigla.

Esquerda com Paes

Desde 2022, quando esteve no palanque do presidente Lula, Paes vem costurando um apoio do PT à sua candidatura. Com quatro secretarias na gestão, o presidente estadual do partido, João Maurício, afirma que a sigla quer indicar o vice da chapa. Internamente, são cotadas a ministra Anielle Franco, o secretário de Assuntos Federativos André Ceciliano e os secretários municipais Tainá de Paula (Meio Ambiente), Adilson Pires (Assistência Social), Diego Zeidan (Desenvolvimento Econômico Solidário) e Felipe Santa Cruz (Governo).

Com o PT junto ao Palácio da Cidade, os partidos que compõem a federação, PV e PCdoB, têm que estar no mesmo palanque. Apesar disso, o candidato do PSOL, Tarcísio Motta, corre por fora em busca de apoio nas siglas. Ele sondou ainda PDT e PSB, também da gestão Paes. Oficialmente, o PDT diz que pode lançar a deputada Martha Rocha, terceira colocada em 2020, mas o caminho natural apontado por aliados é apoiar o atual prefeito. Em março, após o carnaval, o deputado tem conversas marcadas com o PCB e o Unidade Popular (UP).

— A única agremiação que estamos com mais dificuldade é realmente o PT por estar mais comprometida com Eduardo Paes. As demais não fecharam as portas. Dentro da federação, já temos o apoio explícito de Lindbergh Farias e tenho conversas com Dani Balbi, Jandira Feghali e Marina do MST — diz Tarcísio.

Entenda as negociações

Com quatro secretarias, a federação PT-PCdoB-PV declarou apoio formal à reeleição de Paes e nutre o desejo de indicar o vice da chapa. Em desvantagem, Tarcísio articula com lideranças dessas agremiações para conquistar alas: teve o aceno do deputado Lindbergh Farias (PT) e conversa com outros políticos. Fora da federação, PDT e PSB fazem parte do secretariado e devem estar com Paes.

Tarcísio tem conversas marcadas com PCB e UP para depois do carnaval, no intuito de se concretizar como a candidatura da esquerda na cidade.

Paes conquistou o apoio da ala política do Republicanos a partir de uma aliança com o prefeito de Belford Roxo, Waguinho, e o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O prefeito ainda tenta atrair a ala religiosa da sigla, que tem nomes como Marcelo Crivella, ex-adversário nas urnas. A relação com o Podemos se deu a partir de uma aproximação com Pastor Everaldo. Já Avante e PSDB são apoios naturais por integrarem o governo.

Parte do governo Cláudio Castro, o PP ensaia lançar a candidatura do deputado federal Marcelo Queiroz, que já foi secretário de Paes. Em um eventual segundo turno, estaria com Ramagem.

Apesar de ter lançado a pré-candidatura do deputado Otoni de Paulo, aliados afirmam que há um acordo costurado pelo presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (PL), para que o MDB esteja ao lado de Castro e Ramagem.

O União Brasil vem sendo cobiçado por aliados de Paes e de Ramagem por integrar o primeiro escalão nas gestões municipal e estadual. Embora dirigentes partidários venham cumprindo agendas com o prefeito do Rio, a sigla deve desembarcar do governo e apoiar a candidatura de Ramagem.

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