Aliados: os candidatos Manuela D'Ávila, do PCdoB e Guilherme Boulos, do PSOL (Lula/Facebook/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 5 de abril de 2018 às 06h21.
Última atualização em 5 de abril de 2018 às 07h26.
Já era madrugada desta quinta-feira quando terminou o julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Supremo Tribunal Federal. Por 6 votos a 5, o pedido de liberdade foi negado pela maioria dos ministros e a sessão finalizada às 0h46.
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Com o ex-presidente mais perto do que nunca da prisão, onde começaria a cumprir os 12 anos e um mês em regime fechado, chegou a hora de os partidos de esquerda olharem para o futuro.
Lula tem entre 30% e 40% das intenções de voto nas mais diferentes pesquisas de intenção de voto, em parte pela lembrança do eleitorado de seu período de governo.
O petista deixou a Presidência com mais de 80% de bom e ótimo como avaliação de seu governo. Hoje, enfrenta forte rejeição, passando dos 40%.
Sua capacidade de reunir o voto “não-petista” é questionável (ainda mais agora), mas Lula é o único líder capaz de aglutinar em uma única candidatura os partidos de centro-esquerda.
Inelegível pela Lei da Ficha Limpa e, agora, potencialmente preso, sua força de retórica e campanha enfraquecem. Sua capacidade de transferir votos a um apadrinhado também diminui consideravelmente.
Sem uma única figura de liderança, a tendência é de pulverização das candidaturas postas por partidos que seriam seus aliados, como o PDT de Ciro Gomes, o PCdoB de Manuela D’Ávila e o PSOL de Guilherme Boulos.
O ex-líder do PT na Câmara e aliado de Lula, deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), disse recentemente a EXAME que os partidos mencionados uniram suas fundações para criar programas de governo ao menos parecidos para a campanha de 2018.
Chegou a hora, segundo um grupo de parlamentares, de decidir se uma frente de esquerda é uma alternativa para substituir Lula.
Os mais radicais, que vêm dominando as decisões petistas nos últimos anos, continuam decididos a registrar a candidatura de Lula no Tribunal Superior Eleitoral e, no limite, recorrer ao Supremo. Isso alongaria a campanha presidencial de Lula pelo menos até setembro, quando só então o partido caminharia para um plano B, possivelmente Fernando Haddad.
O problema, deste cenário, é enfraquecer a esquerda a ponto de seus candidatos, hoje com quase metade das intenções somadas de votos, ficarem de fora de um segundo turno.