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Centro vence em maiores cidades em revés para Bolsonaro

Resultados apontaram que, apesar de popular, Bolsonaro não só foi incapaz de ajudar os que endossou, mas, em alguns casos, pode ter atrapalhado

Bolsonaro: Falando após votar no domingo pela manhã, o presidente minimizou seus esforços para apoiar candidatos durante a eleição (Adriano Machado/Reuters)

Bolsonaro: Falando após votar no domingo pela manhã, o presidente minimizou seus esforços para apoiar candidatos durante a eleição (Adriano Machado/Reuters)

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Bloomberg

Publicado em 30 de novembro de 2020 às 14h43.

As duas maiores cidades do Brasil serão governadas por prefeitos que derrotaram os candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro nas eleições municipais, o que consolida o retorno de políticos mais moderados após a onda conservadora que varreu o país há dois anos.

Além de São Paulo e do Rio de Janeiro, o segundo turno foi realizado em mais 55 municípios brasileiros.

Na metade do mandato de Bolsonaro, as eleições municipais mostram um panorama do cenário político antes das próximas eleições presidenciais, em 2022. Os resultados apontaram que, apesar de popular, Bolsonaro (sem partido) não só foi incapaz de ajudar os que endossou, mas, em alguns casos, pode ter contribuído para a derrota desses candidatos.

“Bolsonaro sai mais enfraquecido e vai ter que aprender que não se faz política sem partido”, disse Marco Teixeira, professor de ciências políticas da Fundação Getulio Vargas. “Não negociou, não construiu, apoiou candidatos por preferência pessoal e o resultado foi um desastre para ele.”

Derrota nas capitais

Em São Paulo, Bruno Covas (PSDB) venceu Guilherme Boulos (PSOL), candidato a presidente em 2018. Covas é aliado do governador de São Paulo, João Doria, que se tornou um dos maiores oponentes de Bolsonaro durante a pandemia.

No Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), que foi prefeito durante os Jogos Olímpicos de 2016, derrotou Marcelo Crivella (REP), que buscava a reeleição com o apoio de Bolsonaro. Após eleito, Paes disse que os resultados no Rio e em São Paulo representam “uma vitória” para a política brasileira.

“Passamos os últimos anos radicalizando.” Segundo Paes, o resultado desses extremos, “de muito ódio, de muita divisão, não fez bem a nenhum de nós cariocas e brasileiros”.

Falando após votar no domingo pela manhã, o presidente minimizou seus esforços para apoiar candidatos durante a eleição. “Eu emprestei meu nome discretamente para alguns candidatos”, disse a repórteres no Rio de Janeiro. “O povo decidiu.”

Centro e esquerda

Bolsonaro também se queixou do crescimento da esquerda, mostrando incômodo com o crescimento de Boulos, em São Paulo, de Manuela D’Ávila, em Porto Alegre, a eleição de Edmilson Rodrigues (PSOL), em Belém, e a hegemonia do PSB e do PT em Recife. “Continua esse amor pela esquerdalha”, disse.

No entanto, a esquerda que emerge destas eleições é diferente da que governou o Brasil por mais de uma década sob o domínio do PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O PT ainda é o maior partido de esquerda do país, mas sua presença tem diminuído - não conseguiu eleger um único prefeito em nenhuma das capitais brasileiras neste ano. Isso não acontecia desde a redemocratização do Brasil e a volta do voto direto. A candidata do PT, Marília Arraes, foi derrotada em Recife por João Campos (PSB).

Enquanto os partidos do centro consolidam sua força - o MDB elegeu o maior número de prefeitos em todo o país e nas capitais -, outras legendas de esquerda parecem estar ocupando o vazio deixado pelo PT, incluindo o PSOL de Boulos e o PDT de Ciro Gomes.

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