Censo: 91% dos indígenas vivem em casas, mas a maioria dos lares não tem saneamento
Apenas 0,87% dos 72,4 milhões de domicílios do país contam com ao menos um morador que se declara indígena, indica a pesquisa do IBGE
Agência de notícias
Publicado em 4 de outubro de 2024 às 11h52.
Apesar de serem associados a malocas e habitações sem paredes, a maioria dos indígenas brasileiros vive em casas, de acordo com dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira. O percentual de povos originários que mora nesse tipo de residência é 91,93%, acima da média nacional de 84,78%.
Ao todo, existem 72,4 milhões de domicílios particulares e permanentes no país. Desses, somente 630.428 contam com ao menos um indígena, o que representa 0,87% dos lares brasileiros. Dentro desses ambientes, 73,44% dos outros moradores também são indígenas, o que representa uma baixa diversidade de cor ou raça.
Por outro lado, as habitações sem paredes e as malocas compreendem apenas 3,1% dos lares onde vivem as pessoas indígenas no geral, e 8,15% das moradias com essas características fica dentro de terras indígenas. Essas casas são mais comuns nos estados da região Norte, como Acre, Amapá, Roraima e Pará. Também há registros em outras áreas do mapa, como Maranhão, no Nordeste, e Mato Grosso, no Centro-Oeste.
Além disso, outros 3,51% da população indígena está domiciliada em apartamentos. Dentro das reservas, a parcela que reside nesse formato de habitação é de 0,02%. Casas de vila e condomínio alcançam 1,11% dos originários e 0,15% dos habitantes de terras indígenas.
Habitações dos povos indígenas
- 630.428 residências no Brasil contam com ao menos um indígena
- Residências contam com ao menos um indígena representam 0,87% dos lares brasileiros
- Apenas 3,1% dos lares onde vivem as pessoas indígenas é sem paredes e ou em malocas
- 3,51% da população indígena está domiciliada em apartamentos
- 1,11% dos indígenas mora em casas de vila e condomínios
Maioria vive sem saneamento até hoje
Ainda que a maior parte dos indígenas residam em casas, ainda falta saneamento básico na maioria delas. Dentro das reservas, 85,42% vivem sem rede geral de esgoto ou fossa filtro. Em relação a 2010, os números de 2022 representam uma pequena melhoria de 2,72% na infraestrutura de esgotamento.
O destino correto de lixo também segue em patamares muito baixos. Há dois anos, não havia coleta direta ou indireta de resíduos em 86,22% dos domicílios localizados em terras indígenas. Em 2010, esse percentual era de 93,34%.
A ausência de banheiros ou sanitários também chama a atenção. Até hoje, só 47,7% de quem mora em reservas têm banheiros para uso exclusivo da residência. Com isso, 21,93% contam dispõem de sanitário ou buraco para dejeções. Outros 18,46% não têm nem banheiro nem sanitário.
No Brasil, o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab) foi instituído em 2014. Mesmo assim, 95,59% dos indígenas convivem, mesmo que parcialmente, com realidades inadequadas à meta do governo federal no que diz respeito a abastecimento de água, destinação do esgoto ou coleta de lixo.