Coronavírus: 3.270 municípios brasileiros (58,7%) têm casos da infecção e 1.220 cidades (21,9%) já registram óbitos (Ricardo Moraes/Reuters)
Clara Cerioni
Publicado em 19 de maio de 2020 às 19h22.
Última atualização em 19 de maio de 2020 às 20h57.
Pela primeira vez, o Brasil registrou em um dia mais de 1.000 mortos pelo novo coronavírus, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira, 19. Com o resultado de mais 1.179 vítimas, o total de óbitos no país chega a 17.971. Foram confirmados também mais 17.408 casos da covid-19, elevando as pessoas que contraíram a doença para 271.628.
Os óbitos nas últimas 24 horas no Brasil representam 27% das mortes no mundo, que registrou 4.289 vítimas da doença. Em relação a proporção de mortes por milhão de habitantes no último dia, o Brasil teve 5,61 mortes por milhão de habitantes em 24h e ultrapassou os EUA, que registrou 4,36 morte por milhão de habitantes no mesmo período (1.438 mortes). Só ficou atrás do Reino Unido, que teve 8,26 mortes por milhão em 24h (545 mortes).
O Brasil, sexto país mais populoso do mundo, já é o terceiro com o maior número de pessoas infectadas pela covid-19, atrás apenas da Rússia com 299.941 casos confirmados e dos Estados Unidos, com 1.523.534, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.
No geral, dos dez países com mais vítimas, o Brasil tem 24 mortes por milhão de habitantes, ocupando o oitavo lugar. Está atrás de Espanha (594), Itália (532), Reino Unido (521), França (429), EUA (282), Alemanha (98) e Irã (85).
Além da disseminação em alta, o Brasil também é um dos países que menos testam a população para o novo coronavírus, ocupando a 122ª posição, segundo dados do site Wordometers. São pouco mais de 3 mil testes por milhão de habitantes, contra mais de 60 mil da Espanha e 38 mil dos EUA.
São Paulo, estado epicentro da pandemia no Brasil, bateu o recorde diário de vítimas no balanço desta tarde. Foram mais 324 mortes em um dia, e o total chegou a 5 mil vítimas. São, ainda, 65.995 paulistas que testaram positivo para a covid-19. O estado tem sozinho mais mortes confirmadas que a China, país mais populoso do mundo e epicentro da doença, que registra 4.638 óbitos.
Por conta do avanço da pandemia e com o objetivo de aumentar as taxas de isolamento, que não têm passado de 50%, a capital paulista decretou um megaferiado a partir desta quarta-feira, 20, até o próximo domingo, 24. A Grande São Paulo também deve aderir aos feriados.
O Rio de Janeiro, segundo estados com mais mortes pela doença, também bateu recordes em óbitos nas últimas 24 horas. Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde, o estado contabilizou 227 mortes. O total chega a 3.079. O estado contabiliza 27.805 casos confirmados.
De acordo com balanço do Ministério da Saúde, 3.270 municípios brasileiros (58,7%) têm casos da infecção e 1.220 cidades (21,9%) já registram óbitos.
Um modelo matemático desenvolvido por pesquisadores da Coppe/UFRJ, Marinha do Brasil e Universidade de Bordeaux, na França, sinaliza que o esperado pico da pandemia de covid-19 deve ocorrer nesta semana.
A situação se agrava ao mesmo tempo em que o país segue sem um ministro da Saúde, após pedido de demissão de Nelson Teich, na semana passada. Até agora, o general Eduardo Pazuello, que era secretário executivo do ministério, ocupa o cargo de chefia da pasta enquanto o presidente Jair Bolsonaro não define novo gestor para o órgão.
Hoje, Pazuello, nomeou nove militares para cargos na pasta. Além de nomeações para assessoramento do ministro, os militares ocuparam postos na área de finanças do Fundo Nacional de Saúde, e na área de avaliação do Sistema Único de Saúde (SUS).