Exame Logo

Caso Amarildo e ataques ao AfroReggae não afetam UPPs

Segundo secretário estadual de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, acontecimentos não vão prejudicar imagem das Unidades de Polícia Pacificadora

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame (GettyImages)
DR

Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2013 às 16h48.

Rio de Janeiro – O secretário estadual de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, disse hoje (4) que o desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, na Favela da Rocinha, e os ataques do tráfico contra duas sedes do grupo AfroReggae, no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro, não afetam a imagem das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).

Beltrame falou à imprensa durante visita à Favela da Mangueirinha, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, que foi ocupada na última sexta-feira (2) pela Polícia Militar (PM) e ganhará uma companhia destacada, com 180 policiais. A Mangueirinha era considerada uma das mais violentas da região, conhecida como "o Complexo do Alemão da Baixada".

“Eu acho que não [afeta a imagem das UPPs]. Na Rocinha, a Divisão de Homicídios (DH) está trabalhando diuturnamente. Tivemos um incidente lá, sério e grave, que vamos apurar. Cinco anos atrás, você não poderia fazer um local de crime dentro da Rocinha ou do Complexo do Alemão. Se a gente quer avançar, não pode esquecer que houve um ganho substancial. [Há] problema, mas a situação nesses lugares é infinitamente melhor do que tínhamos antes. Quantos casos tivemos nesses locais em que as pessoas foram consumidas pelo microondas [fogueira feita com pilha de pneus] e os familiares não podiam nem ir a uma delegacia reclamar o corpo?”, declarou Beltrame.

Veja também

O secretário comentou a intimação feita pelo delegado Rivaldo Barbosa, titular da DH, ao soldado PM Juliano da Silva Guimarães, que deverá prestar esclarecimentos nesta semana. Ele disse que um tio, motorista de um caminhão de lixo, foi obrigado por traficantes a retirar um corpo da Rocinha e levar para um depósito no Caju, região portuária.


“Denúncias, notícias e especulações têm que ser carreadas para dentro do inquérito e analisadas. Se esta pessoa disse que fez isso, vamos ver em que situação aconteceu. A polícia vai atrás para confirmar o que está sendo dito, para fazer com que denúncias virem, ou não, uma verdade. Nós temos que ter é cautela. Quando apresentarmos um resultado, tem que ser uma coisa muito bem feita.”

Beltrame falou também sobre a iniciativa do comandante da PM, coronel Erir Ribeiro, de anistiar punições de ações administrativas de 450 policiais, que assim poderiam limpar suas fichas e estarem aptos a promoções e à volta ao trabalho de rua.

“Da maneira como foi colocado e comunicado, eu não gostei. A Polícia Militar sabe o que significa delito administrativo de menor potencial, mas a sociedade não sabe. E precisamos esclarecer isto para dizer à sociedade o que significa e quais as consequências. Eu aguardo da PM explicações para que tenhamos isso muito claro e transparente.” Sobre o decreto, Beltrame respondeu: “Eu acredito que sim , [o decreto pode ser revogado. Nós precisamos analisar essas medidas para, criteriosamente, tomar uma medida”.

O pedreiro Amarildo desapareceu em 14 de julho, depois de ser levado por soldados da PM à sede da UPP da Rocinha para esclarecimentos. O comandante da unidade, major Edson dos Santos, alegou que ele foi ouvido e liberado em seguida, mas Amarildo continua sumido, o que provocou uma série de protestos tanto da comunidade quanto durante manifestações de rua, no Rio e até em São Paulo, com a frase "Cadê Amarildo?" estampada em faixas e cartazes, além de amplamente divulgada nas redes sociais.

O grupo AfroReggae teve sua sede no Complexo do Alemão incendiada no dia 16 de julho e um suspeito que chegou a ser preso acabou morrendo, vítima das queimaduras provocadas pelas chamas. Outra sede, localizada na Vila Cruzeiro, vizinha ao Complexo do Alemão e também ocupada pela polícia, foi alvejada por tiros, no último dia 1º. O AfroReggae desenvolve um trabalho social nas comunidades que poderia estar desagradando a setores ligados ao tráfico de drogas.

Acompanhe tudo sobre:FavelasPolícia MilitarUPP

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Brasil

Mais na Exame