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Cardozo pede que não ocorram prejulgamentos sobre Lava Jato

Ao deixar encontro com Lewandowski e Janot, ministro pediu que não sejam realizados "prejulgamentos" sobre os investigados na Lava Jato


	"É equivocado, a partir de denúncias, a partir de delações premiadas, a partir de testemunhas, dizermos se uma pessoa é culpada ou não", disse José Eduardo Cardozo
 (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

"É equivocado, a partir de denúncias, a partir de delações premiadas, a partir de testemunhas, dizermos se uma pessoa é culpada ou não", disse José Eduardo Cardozo (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

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Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2015 às 21h29.

Brasília - Dois dias após a deflagração da operação Politeia, nova fase da Lava Jato que atingiu três senadores e outros políticos, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se reuniu com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, e também com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Ao deixar o encontro no STF, Cardozo pediu que não sejam realizados "prejulgamentos" sobre os investigados.

"É equivocado, a partir de denúncias, a partir de delações premiadas, a partir de testemunhas, dizermos se uma pessoa é culpada ou não. Nós não podemos execrar uma pessoa antes que ela possa exercer seu direito de defesa, apresentar suas provas e antes mesmo de um juiz de direito sentenciar", afirmou o ministro. 

Cardozo vem sendo criticado por setores do PT que consideram que o ministro não consegue evitar o desgaste do partido diante das investigações feitas pela Polícia Federal (PF) sobre o esquema de desvios na Petrobras.

Ao deixar o Supremo, após reunião de cerca de uma hora com o presidente da Corte, o ministro negou que tenha tratado sobre as investigações de políticos na Lava Jato.

Os 53 mandados de busca e apreensão realizados na terça-feira que atingiram os senadores Fernando Collor (PTB-AL), Ciro Nogueira (PP-PI) e Fernando Bezerra (PSB-PE), foram solicitados por Janot, condutor das investigações, e realizados pela Polícia Federal e por procuradores.

As medidas foram autorizadas por três ministros do Supremo: Lewandowski, Teori Zavascki e Celso de Mello.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que a Casa cogitava ir ao STF para questionar a forma de realização das buscas pela PF - subordinada ao ministro da Justiça - nas residências de parlamentares.

Cardozo pediu que reclamações sobre atuação da PF sejam formalmente endereçadas a ele.

"Se houve abusos, se existem denúncias de abusos, eu só solicito que representem para o ministro da justiça para que eu possa determinar a apuração. O meu papel é fiscalizar. Se alguém acha que teve seu direito ferido, que represente e nós fazemos a apuração", afirmou o ministro.

Ele disse não ter recebido questionamentos formais até o momento sobre a legalidade da operação. Parlamentares reclamam do fato de policiais federais não terem comunicado a operação à Polícia Legislativa.

Vazamento

O ministro informou que foi aberto um inquérito policial para apurar o vazamento de trechos da delação do empreiteiro Ricardo Pessoa, que está em segredo de Justiça, a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Oficialmente o tema do encontro com Lewandowski passou por lei de mediação, questões indígenas, reajuste salarial de servidores do judiciário e sistema prisional.

Com o procurador-geral da República, a pauta foi questão indígena, segundo Cardozo. As reuniões foram incluídas de última hora nas agendas.

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