São Paulo – A revista norte-americana New Yorker estampa na capa de sua mais recente edição uma ilustração que mostra velocistas fugindo de uma nuvem de mosquitos Aedes aegypti, em referência ao surto de zika enfrentado pelo Brasil, sede da Olimpíada de 2016.
A arte é assinada pelo ilustrador Mark Ulriksen, que a batizou de "Something in the air" (Algo no ar, em inglês). De acordo com Ulriksen, o desenho é a síntese perfeita das preocupações de turistas e atletas que virão aos Jogos Olímpicos, que se iniciam nesta sexta-feira (5).
"Os próximos Jogos Olímpicos já apresentam sobrepreços e obras que podem não ficar prontas a tempo, águas poluídas para provas de remo e acusações de doping contra a Federação Russa. E acima de tudo, o vírus que está assustando espectadores e atletas", diz o ilustrador à New Yorker. "Trata-se do microcosmo perfeito para esse período de ansiedade que vivemos".
(Reprodução/New Yorker)
Recentemente, parte dos atletas vêm demonstrando preocupação com a contaminação por vírus. No grupo, destaca-se a goleira titular da seleção de futebol feminino dos Estados Unidos, Hope Solo.
Em tom de piada, a atleta postou fotos em suas redes sociais de um "kit" contra o mosquito Aedes que traria ao Brasil. "Se alguém na Vila Olímpica esquecer de levar repelente, venha me ver", disse ela.
Apesar de algumas agências norte-americanas e canadenses demonstrarem preocupação com o contágio pelo zika, a Organização Mundial da Saúde (OMS) atestou que há um "risco muito baixo" de uma disseminação internacional maior do vírus devido aos Jogos Olímpicos, mesmo com o recente surto da doença.
"Os riscos não são diferentes para pessoas que irão para a Olimpíada do que para qualquer outra área onde há surtos de zika", disse David Heymann, presidente do comitê de especialistas da OMS em conferência com jornalistas.
Pesquisadores brasileiros da Fundação Oswaldo Cruz e da Escola de Matemática Aplicada da FGV do Rio de Janeiro também chegaram a preparar um artigo com evidências científicas de que não há motivo para alterar as datas dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos por esse motivo.
O artigo foi publicado na revista científica Memórias, do Instituto Oswaldo Cruz, dizendo, por exemplo, que a atividade do Aedes aegypti é muito baixa no Rio de Janeiro nos meses de agosto e setembro, época dos jogos.
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1/11 (Reuters/Ricardo Moraes)
São Paulo – Faltando exatos sete dias para a abertura da
Olimpíada do Rio de Janeiro, não faltam preocupações em torno da organização do megaevento. Com o país sede vivendo uma recessão econômica e diante da ameaça do Estado Islâmico, o clima ainda não é de festa – pelo menos entre os brasileiros. Uma
pesquisa recente do Ibope concluiu que 60% dos brasileiros consideram que a Olimpíada trará mais prejuízos do que benefícios ao país. Reunimos, nas imagens a seguir, alguns dos problemas que rondam a edição da Rio-2016 antes mesmo da pira olímpica ser acesa no Maracanã, no próximo dia 5.
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2. Alojamentos em mau estado
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2/11 (Ricardo Moraes / Reuters)
Inaugurada no último domingo (24), a Vila Olímpica foi alvo de queixas por conta de problemas no encanamento, falta de luz, excesso de sujeira e banheiros bloqueados. A delegação da Austrália, por exemplo, se recusou a instalar seus atletas no espaço, classificado por seus membros como “inabitável”. Delegações de outros países, como Suécia, Argentina e Venezuela, também endossaram a onda de reclamações. Após as reivindicações, o comitê organizador dos Jogos contratou 600 funcionários para resolver os problemas. A expectativa era de que tudo ficasse em ordem até a última quinta. Não suficiente, os agentes da Força Nacional de Segurança, que estão instalados em um conjunto habitacional na Zona Oeste da cidade, também protestaram contra as condições dos alojamentos – que estariam sem chuveiro, com pia entupida e camas improvisadas. Os agentes ameaçaram abandonar a segurança da Olimpíada se as instalações não fossem ajustadas.
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3. A morte de uma onça
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3/11 (Ivo Lima/ ME)
A onça pintada Juma, que participou do desfile da tocha em Manaus (AM), foi abatida horas depois da cerimônia após escapar do Zoológico do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) e tentar atacar um militar.
A morte do animal, ameaçado de extinção, gerou revolta nas redes sociais. Veja algumas reações:
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4. Tour da tocha
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4/11 (Roosevelt Cassio/Reuters)
Como se não bastassem os tombos durante o revezamento do símbolo máximo dos Jogos, um manifestante tentou apagar a chama olímpica com um extintor de incêndio. O homem invadiu a pista em Joinville, Santa Catarina. Em Porto Alegre, pelo menos duas pessoas tentaram jogar água na tocha durante a passagem. A tocha olímpica percorreu 327 cidades em 95 dias e foi carregara por 12 mil pessoas.
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5. Queda de ciclovia
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5/11 (Fernando Frazão/ Agência Brasil)
Em abril, um trecho da ciclovia Tim Maia, um dos legados olímpicos, desabou ao ser atingida por uma onda. Duas pessoas morreram. A ciclovia, que liga os bairros de São Conrado e Leblon, na Zona Sul do Rio, foi inaugurada em janeiro deste ano. A Polícia Civil abriu inquérito contra 14 pessoas que responderão por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. De acordo com as investigações, os denunciados foram negligentes na realização e execução do projeto. O trecho possui 3,9 quilômetros de extensão e custou mais de R$ 45 milhões aos cofres públicos.
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6. Obras inacabadas
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6/11 (Bruno Kelly / Reuters)
Faltando pouco mais de uma semana para começar o evento, a Arena de Vôlei de Praia ainda não estava pronta para receber os atletas. Do lado de fora, muito entulho e lixo formavam o cenário de um dos principais cartões-postais da cidade. Os jogadores só poderão utilizar a quadra para treino a partir de segunda-feira (1), quatro dias antes da abertura. Além disso, o Estádio Aquático sofre com problemas de refrigeração. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, as disputas de natação devem acontecer em um ambiente abafado e com muito calor: no dia da reportagem publicada pelo veículo, os termômetros marcavam 33º C. Segundo o jornal, o comitê organizador do Rio afirmou que a parte interna dos vestiários, onde ficarão os nadadores, haverá ar condicionado. Na mesma linha, as obras do Velódromo seguem a todo vapor. Mesmo entregue no último dia 26, a parte interna ainda está em fase de acabamento e materiais de construção são encontrados pelo caminho.
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7. Suspensão do laboratório antidoping
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7/11 (Ricardo Moraes / Reuters)
Pouco mais de 42 dias para a abertura do evento, a Agência Mundial Antidoping (Wada)
suspendeu o Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD), responsável pela realização dos exames durante a Olimpíada. O descredenciamento se deu após a Wada encontrar um erro procedimental em um dos exames realizados no laboratório brasileiro. Somente no dia 20 de julho, a Agência liberou o LBCD para realizar os procedimentos nos Jogos.
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8. Roubo de equipamentos
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8/11 (Reuters/Ricardo Moraes)
Faltando 35 dias para o início dos Jogos, um caminhão que carregava duas TVs da Alemanha foi roubado na Avenida Brasil, Zona Norte do Rio. Os equipamentos, avaliados em R$ 1,5 milhão, eram levados para o Parque Olímpico,
onde seriam montados os estúdios de transmissão das emissoras ARD e GDF. No dia seguinte, porém, a Polícia Militar (PM) encontrou a carreta roubada – a carga estava intacta. O caso repercutiu internacionalmente por se tratar do segundo crime envolvendo estrangeiros por conta da realização da Rio 2016. Duas semanas antes, dois atletas paraolímpicos da Austrália foram assaltados à mão armada enquanto pedalavam em um parque da cidade.
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9. Funcionários sem CLT
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9/11 (Marcos Santos/USP Imagens/Agência USP)
O Ministério Público do Trabalho e Emprego (MPTE)
decidiu multar o Comitê Rio 2016 em R$ 315 mil por 630 empregados que trabalham nas obras da Vila Olímpica sem registro profissional. De acordo com os agentes fiscais, os funcionários estariam trabalhando sem carteira assinada e com carga horária exaustiva de 23 horas.
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10. Superbactéria na Lagoa
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10/11 (Sergio Moraes / Reuters)
Em estudos, cientistas encontraram nada mais nada menos do que a presença de uma
superbactéria nas águas das praias e em uma lagoa do Rio que irão receber os eventos olímpicos, como natação, remo e canoagem. Quando contaminam serem humanos, essas superbactérias podem causar infecções urinárias, gastrointestinais, pulmonárias e na corrente sanguínea. De acordo com uma das pesquisadoras, a professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Renata Picão, a contaminação das praias é resultado da falta de saneamento básico. Vale lembrar, que uma das promessas dos organizadores dos Jogos era despoluir as águas da cidade e tratar 80% do esgoto que chega ao mar. O compromisso, porém, não foi cumprido. O próprio secretário do Ambiente do estado do Rio de Janeiro, André Correa, afirmou no último dia 20 que a meta estipulada era muito ousada.
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11. Viu essa?
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11/11 (Ueslei Marcelino / Reuters)