Candidato a gente não inventa, diz Lula sobre terceira via
Ex-presidente afirmou que disputa pela Presidência da República deve se dar entre ele e Jair Bolsonaro
Agência O Globo
Publicado em 7 de abril de 2022 às 10h56.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que "nunca aconteceu uma terceira via" na História do mundo. Ele disse acreditar que a disputa na eleição de outubro deve se dar entre ele e o presidente Jair Bolsonaro (PL), respectivamente primeiro e segundo colocados nas pesquisas eleitorais.
Em entrevista à rádio Jangadeiro Bandnews, de Fortaleza, Lula declarou que ouve falar sobre terceira via desde sempre, "quando o mundo ficou dividido entre socialistas e capitalistas, entre a social democracia e o comunismo". Segundo ele, o projeto de uma alternativa a duas forças polarizadas nunca se concretizou.
— Nunca aconteceu uma terceira via. A verdade é que o povo vai escolher entre os candidatos que têm possibilidade de ganhar as eleições. Candidato a gente não inventa, não se compra no mercado livre. Candidato é uma pessoa que tem estrutura partidária, estrutura econômica — afirmou.
Para Lula, a disputa vai se dar entre "a democracia e o autoritarismo". A cerca de seis meses para o primeiro turno das eleições, Lula segue liderando a disputa pela Presidência com 43% das intenções de voto, segundo a última pesquisa Datafolha. Bolsonaro aparece em segundo lugar com 26%, desempenho superior ao que vinha registrando em rodadas anteriores de pesquisas do instituto.
Questionado sobre as recentes declarações que se tornaram alvo de opositores, como a que disse defender que "toda mulher deveria ter direito ao aborto" e a que estimulou brasileiros a pressionar parlamentares em suas residências, Lula reafirmou o que disse. Sobre a descriminalização do aborto no Brasil, o petista disse ser pessoalmente contra o ato, mas defende que seja tratado como questão de saúde pública.
Na segunda-feira, em encontro na sede da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Lula declarou que os trabalhadores e movimentos sindicais deveriam "mapear" o endereço de cada deputado e comparecer em sua porta, com um grupo de 50 pessoas, para "incomodar" a sua "tranquilidade". A fala foi criticada por parlamentares, em especial bolsonaristas, que falaram em se armar caso militantes apareçam em suas casas. Nesta quinta, ele reafirmou:
— Ao invés de gastar uma fortuna indo para Brasília fazer protesto, todo deputado mora numa cidade. Então não custa nada o povo que está reivindicando, ir na porta da casa deles conversar de forma civilizada. Esse deputado que, durante as eleições, fala que adora o povo, anda de carro aberto. Ora, por que depois de eleito, o povo passa a ser estorvo?