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Caixa 2 na chapa confirma abuso de poder, diz advogado do PSDB

A chapa Dilma-Temer recebeu dinheiro de caixa 2 da Odebrecht na campanha de 2014, segundo delação da empreiteira à força-tarefa da Lava Jato

Chapa: em pelo menos um depoimento, a Odebrecht descreve uma doação ilegal de cerca de R$ 30 milhões para a coligação"Com a Força do Povo", que reelegeu Dilma e Temer em 2014 (Wilson Dias/Agência Brasil)

Chapa: em pelo menos um depoimento, a Odebrecht descreve uma doação ilegal de cerca de R$ 30 milhões para a coligação"Com a Força do Povo", que reelegeu Dilma e Temer em 2014 (Wilson Dias/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de dezembro de 2016 às 17h16.

Brasília - O advogado José Eduardo Alckmin disse nesta segunda-feira, 19, à reportagem, que a suspeita de que a chapa da presidente cassada Dilma Rousseff (PT) e do presidente Michel Temer (PMDB) recebeu dinheiro de caixa 2 da Odebrecht reforça a acusação de que houve abuso de poder econômico na campanha.

O advogado, que representa o PSDB na ação que apura irregularidades na campanha de Dilma e Temer, afirmou que pedirá ao relator do processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Herman Benjamin, que solicite ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, o depoimento em questão.

"É mais um dado a reforçar (a tese da acusação), mais uma boa prova a respeito, que vai permitir ao TSE formar convicção com segurança. É mais ou menos o que a gente vinha alegando desde o início - de que dinheiro desviado tinha sido empregado na campanha", disse o advogado.

Conforme revelou nesta segunda-feira o jornal O Estado de S. Paulo, a chapa Dilma-Temer recebeu dinheiro de caixa 2 da Odebrecht na campanha de 2014, segundo delação da empreiteira à força-tarefa da Lava Jato.

Os relatos, já documentados por escrito e gravados em vídeo, foram feitos na semana passada durante os depoimentos de executivos ao Ministério Público Federal.

Em pelo menos um depoimento, a Odebrecht descreve uma doação ilegal de cerca de R$ 30 milhões paga no Brasil para a coligação "Com a Força do Povo", que reelegeu Dilma e Temer em outubro de 2014.

Homologação

Os documentos dos acordos de delação premiada de 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht foram entregues pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao STF na manhã desta segunda-feira, 19.

Os relatos, recolhidos na semana passada, foram armazenados na sala-cofre do STF e estão à disposição de Teori, relator dos processos envolvendo a Lava Jato na Corte. Cabe a ele homologar ou rejeitar cada um dos acordos de delação.

A expectativa dentro do tribunal é de que Teori homologue os acordos em fevereiro. O ministro Herman Benjamin já disse que deixou para o começo de 2017, provavelmente fevereiro, a apresentação do relatório-voto na ação que pode levar à cassação da chapa.

"Vamos acompanhar a evolução e vamos requerer ao corregedor (ministro Herman Benjamin) que solicite ao ministro Teori eventualmente essas novas provas. Isso (a delação da Odebrecht) para estar no processo (do TSE) vai depender da homologação. Temos de acompanhar a evolução", disse Alckmin.

Indícios

O Ministério Público Eleitoral (MPE) já informou ao TSE que encontrou "fortes traços de fraude e desvio de recursos" ao analisar as informações colhidas com a quebra do sigilo bancário das gráficas Red Seg Gráfica, Focal e Gráfica VTPB, contratadas pela chapa Dilma-Temer.

Indagado sobre as suspeitas quanto às gráficas, o advogado do PSDB afirmou que há prova contundente "de que houve realmente indícios fortes de desvio de dinheiro".

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