Caça irregular e desmate avançam sobre terra demarcada
Quando os troncos chegam ao ponto do rio que não está mais dentro da terra indígena são amarrados e recolhidos por empresas peruanas
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de abril de 2017 às 09h24.
Última atualização em 23 de maio de 2017 às 13h35.
Atalaia do Norte, Tabatinga e Benjamin Constant, AM — Na mata fechada da fronteira entre o Brasil e o Peru caçadores sobem pelos rios carregados de armas de grosso calibre e freezers amarrados dentro de embarcações.
Nas trilhas usadas pelos indígenas, a reportagem encontrou cartuchos de espingarda calibre 16 pendurados em tocos, para demarcar o local de passagem. A caça ali é profissional e predatória - caçadores matam macacos, veados, antas e caititus para revender nas cidades.
A indústria madeireira também marca presença, atrás de espécies nobres como a sumaúma. Do Peru, balsas sobem com guindastes que puxam os troncos com cabos de aço. Com serras, a madeira é "limpada", para correr rio abaixo. Quando os troncos chegam ao ponto do rio que não está mais dentro da terra indígena são amarrados e recolhidos por empresas peruanas.
Em fevereiro, uma dessas ações foi alvo de operação de Funai, Ibama, Exército, PF e PM. Um peruano conduzia uma jangada com 432 toras pelo Javari. Ele portava papéis falsos. A madeira foi apreendida e o homem, multado em R$ 130,5 mil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.