Bruno Covas e Guilherme Boulos vão disputar prefeitura de SP no 2° turno
Na dianteira das pesquisas desde outubro, o tucano, de 40 anos, viu sua aprovação crescer durante a pandemia do coronavírus
Ligia Tuon
Publicado em 15 de novembro de 2020 às 23h51.
Última atualização em 16 de novembro de 2020 às 12h31.
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB) foi para a segunda fase da disputa pela prefeitura com o candidato do PSOL, Guilherme Boulos . Covas teve 32,85% dos votos e Boulos, 20,24%.
Na dianteira das pesquisas desde o início das pesquisas eleitorais, em outubro, Covas manteve larga vantagem em relação aos outros candidatos, dos quais três brigaram pelo segundo lugar durante todo o mês: Guilherme Boulos (PSOL), Celso Russomano (Republicanos) e Márcio França (PSB).
Na véspera das eleições, Covas apareceu com 37% das intenções de votos válidos, contra 17% de Boulos, 14% de França e 13% de Russonamo. Em relação á pesquisa anterior, feita dois dias antes, o tucano ganhou um ponto percentual, Boulos manteve a porcentagem, França também ganhou um ponto percentual e Russonamo caiu dois.
Em defesa da periferia
Boulos, de 38 anos, tem como bandeira há mais de 20 anos a luta pela moradia. Saiu com 17 anos da casa dos pais, no bairro nobre de Pinheiros, e foi morar na periferia. Cursou filosifia na USP e tem mestrado em psiquiatria.
Boulos se aproximou mais da política quando se opois publicamente ao impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, e, posteriormente, quando apareceu ao lado de Lula, antes do ex-presidente ser preso. Apesar da proximidade, ele preferiu se filiar ao PSOL. Em 2018, foicandidato a presidente da República, mas teve menos de 1% dos votos.
Os bons números de Boulos na disputa para a prefeitura de SP, que começaram a aparecer na boca de urna, são resultado de uma maior abstenção dos eleitores mais velhos, o que aumenta o peso dos votos dos jovens – parcela na qual Boulos vai melhor, segundo Maurício Moura, fundador do Ideia, instituto de pesquisa de opinião.
Tucano de berço
Já Covas, de 40 anos, assumiu o comando da capital paulista em abril de 2018, após a renúncia do então prefeito João Doria, que entregou o cargo ao vice para assumir o governo do estado.
Durante a pandemia do coronavirus, sua aprovação cresceu. No fim de outubro, pesquisa Datafolha mostrou que 46% dos entrevistados avaliavam o desempenho do tucano como ótimo ou bom. No levantamento feito um mês antes, o percentual era de 37%. Em outubro, a cidade teve a menor média de novos casos desde maio e encerrou a semana passada com 13,8 mil mortes e 378,1 mil casos.
Durante a pior parte do surto, seguindo a tajetória nacional, a cidade começou a perder vagas de emprego formal em decorrência do fechamento do comércio essencial. Em março, teve um saldo negativo de 42.225, chegando ao fundo do poço em abril, com perda de 106.737 posições de trabalho. Em maio, o número começou a se recuperar e voltou a ficar positivo em julho. Em setembro, último dado disponível pelo Caged, houve 17.049 novos postos, mas ainda abaixo do nível pré-pandemia. Em fevereiro o saldo de vagas havia sido de 30.901.
Em outubro do ano passado, Covas foi diagnosticado com câncer no sistema digestivo e passou pelo tratamento de quimioterapia sem se afastar da prefeitura. A doença evoluiu para metástase e se espalhou para outros órgãos, como fígado e parte do abdomem, mas regrediu. Hoje, o prefeito segue fzendo tratamento de imunoterapia para reduzir o restante do câncer.
Em alguns momentos de sua atuação como vice e como prefeito, Covas chegou a gerar polêmica por se afastar do cargo para fazer viagens pessoais. Da primeira vez, sete meses depois da posse como vice, ficou longe por 13 dias, quando foi para a Croácia com amigos. Posteriormente, duas semanas antes de assumir a prefeitura, viajou de férias para Miami, embarcando no mesmo dia em que a cidade sofreu com chuvas fortes e alagamentos que deixaram mortos.
Neto do ex-governador Mário Covas, com quem diz que passava as férias escolares em Brasília, Covas é formado em direito pela USP e em economia pela PUC e nasceu em Aparecida, bairro de Santos. Se mudou para a capital em 1995.
Sua vida pública começou em 2004, quando concorreu ao cargo de vice-prefeito na cidade natal. Não levou a vitória e, em 2006, foi eleito deputado estadual, com 122.000 votos. Na eleição seguinte, em 2010, foi reeleito com o dobro de número de votos e ficou em primeiro no ranking do estado. Em 2011, assumiu a Secretaria do Meio Ambiente do governo do estado, à frente da qual permaneceu até 2014, ano em que é eleito deputado federal.