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Brasil vai "parar aumento do desmatamento" este ano, diz Ricardo Salles

Dados revelam que o desmatamento na Amazônia, motivado pela exploração ilegal de madeira, a mineração e a pecuária, teve aumento de 25%

Ricardo Salles: Salles foi alvo em 2019 de duras críticas dentro e fora do país pelo aumento alarmante no número de queimadas e por seu alinhamento com os apelos do presidente Jair Bolsonaro para abrir a floresta tropical para a mineração e o agronegóci (Adriano Machado/Reuters)

Ricardo Salles: Salles foi alvo em 2019 de duras críticas dentro e fora do país pelo aumento alarmante no número de queimadas e por seu alinhamento com os apelos do presidente Jair Bolsonaro para abrir a floresta tropical para a mineração e o agronegóci (Adriano Machado/Reuters)

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AFP

Publicado em 5 de agosto de 2020 às 16h57.

Última atualização em 5 de agosto de 2020 às 16h58.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, garantiu que o desmatamento na Amazônia começará a diminuir a partir deste semestre, e pediu aos grandes fundos mundiais para que invistam em projetos ambientais no país.

"O primeiro passo, que já pode ser alcançado este ano, a partir do segundo semestre, é estancar, parar o aumento do desmatamento", afirmou Salles em entrevista à AFP, sem detalhar as metas propostas pela pasta, em um momento em que os incêndios atingem recordes na região amazônica e no Pantanal.

"E a partir do ano que vem, (iremos) reduzir o desmatamento para voltarmos a ter índices decrescentes. O compromisso brasileiro é zerar o desmatamento ilegal até 2030", em cumprimento ao Acordo de Paris contra as mudanças climáticas, ressaltou o ministro em entrevista realizada em seu gabinete em Brasília.

Dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam que o desmatamento na Amazônia, motivado pela exploração ilegal de madeira, a mineração e a pecuária, registrou um aumento de 25% na primeira metade do ano, em comparação com o mesmo período de 2019, ano que já havia registrado todos os recordes nesses parâmetros desde 2015.

Em julho, no início da temporada de seca, o Inpe também detectou um aumento de 28% nos focos de queimadas na Amazônia. No Pantanal, os incêndios triplicaram no pior registro para esse mês desde que as medições começaram há mais de 20 anos.

Salles, um advogado de 45 anos, foi alvo em 2019 de duras críticas dentro e fora do país pelo aumento alarmante no número de queimadas e por seu alinhamento com os apelos do presidente Jair Bolsonaro para abrir a floresta tropical para a mineração e o agronegócio.

Em junho, o governo deu sinais de moderação em sua postura após um grupo de fundos de investimento da Europa, Ásia e América do Sul, que coletivamente administram cerca de US$ 4 trilhões, ameaçar retirar suas operações do Brasil caso o governo não aja para frear o desmatamento.

"Adote um parque"

Salles, que nega ter promovido um "desmonte [da proteção ambiental na Amazônia]", diz que o governo está "apertando muito a fiscalização". O ministro admitiu que o Ibama e o ICMbio, dois órgãos ambientais estatais, têm um déficit de 50% de funcionários, mas afirmou que isso vem dos últimos dez anos.

Ele mencionou a operação militar lançada para combater as queimadas e o desmatamento como provas da determinação do governo, que em julho proibiu o uso do fogo na agricultura por 120 dias.

Essas operações são coordenadas pelo recém-criado Conselho da Amazônia, gerenciado pelo vice-presidente Hamilton Mourão, que de fato deixou Salles em uma posição subordinada em relação às questões ambientais da região.

Mourão solicitou recentemente aos fundos para que invistam em projetos governamentais como o 'Adote um Parque', no qual serão ofertados mais de cem parques nacionais para empresas privadas interessadas em sua manutenção e conservação, uma área correspondente a 15% dos 4,2 milhões de km2 da Região Amazônica brasileira.

Atualmente, o vice-presidente também negocia com a Noruega e a Alemanha a reativação do Fundo Amazônia, suspenso no ano passado após a crise dos incêndios.

Na entrevista desta terça-feira, Salles voltou a criticar os países ricos por não ativar o mercado de carbono, uma iniciativa prevista no Acordo Climático de Paris para o clima para reduzir as emissões de CO2 e que poderia beneficiar países como o Brasil.

"Há uma incoerência ao dizer: 'cuidem da floresta', mas o dinheiro que eu podia dar eu não vou dar porque não vou comprar o crédito de carbono brasileiro", declarou o ministro.

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