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Brasil terá tolerância zero, diz ministra sobre Julien Blanc

Em entrevista a EXAME.com, a ministra afirmou que o governo barrará a entrada de qualquer pessoa que chegue ao país com uma proposta semelhante a de Blanc

Julien Blanc: Polícia Federal não vai permitir que ele entre no Brasil, diz ministra (Reprodução)

Julien Blanc: Polícia Federal não vai permitir que ele entre no Brasil, diz ministra (Reprodução)

Talita Abrantes

Talita Abrantes

Publicado em 15 de novembro de 2014 às 05h00.

São Paulo – Responsável pelo primeiro pronunciamento oficial do governo sobre a vinda do “instrutor de paquera” Julien Blanc, a ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas da Mulher, garante que a Polícia Federal não permitirá que o suíço ultrapasse as fronteiras do país – com ou sem visto.

Aos 25 anos, Blanc trabalha como uma espécie de professor de técnicas de sedução para que homens conquistem o sexo oposto. Suas estratégias são controversas e incitariam a violência contra a mulher, segundo reconhecem representantes dos governos da Austrália, Canadá e, agora, Brasil. Veja por que Julien Blanc está enfurecendo as mulheres ao redor do mundo.

Junto com Florianópolis (SC), o Rio de Janeiro está na lista de cidades que devem receber em janeiro um evento da empresa Real Social Dynamics (RSD), da qual Blanc é coach executivo. A companhia, com sede em Los Angeles (EUA), é especializada em treinar homens para conquistar mulheres.

Desde a última terça, uma petição online pede que o Ministério das Relações Exteriores impeça a vinda do suíço ao Brasil. Ontem, o Itamaraty afirmou em nota que irá avaliar qualquer solicitação de visto feita em nome de Blanc e que “já existem elementos suficientes que recomendam a denegação”.

Em uma breve conversa com a reportagem de EXAME.com na noite de ontem, a ministra afirmou que o governo barrará a entrada de qualquer pessoa que chegue ao país com uma proposta semelhante a de Blanc. 

EXAME.com - Por que o governo vai impedir a entrada de Julien Blanc no Brasil?
Ministra Eleonora Menicucci -
Toda a história leva a essa proibição da entrada dele no Brasil. Com a nossa política de tolerância zero à violência contra a mulher e com o estupro sendo crime hediondo pelo Código Penal, não podemos aceitar que um senhor, que no caso é estrangeiro, entre no Brasil para dar conferência sobre como paquerar, sobre como estuprar mulher e que ensina estratégias de violência contra a mulher. O Brasil não aceita isso. Nossa política é tolerância zero. Para nós, isso é crime hediondo. É incitação ao crime.

Até onde se sabe, ele ainda não está respondendo a nenhum processo na Justiça por essas acusações ...
Não importa. Ele foi proibido de entrar na Austrália para dar este curso. Se ele pedir visto para entrar no Brasil, será negado. É uma articulação entre nós [Secretaria de Políticas da Mulher], o Ministério da Justiça e o Mnistério das Relações Exteriores.

Como suíço, Julien Blanc não precisa de visto para entrar no Brasil. O que a Polícia Federal fará neste caso?
Ela vai tomar todas as ações cabíveis e necessárias para que ele não pratique este incitamento ao crime aqui no Brasil.

Isso significa que ele pode entrar no Brasil?
Não. Foi solicitado à Polícia Federal que ela o impeça. Ele não vai entrar no Brasil para fazer esta conferência.

Mas a conferência está sendo organizada pela empresa Real Social Dynamics – que tem outros palestrantes. O que o governo pretende fazer se eles enviarem outra pessoa ao país?
Se outra pessoa com este mesmo propósito entrar no Brasil, a mesma providência vai ser tomada.

Há diversos grupos de discussão na internet que propagam ideias semelhantes no Brasil. O que o governo deve fazer para coibir isso?
A internet é muito perigosa, ela dissemina práticas que incitam crimes de racismo, ódio [contra as] mulheres, [contra] as crianças, a pedofilia. O governo está estudando uma forma de responder a estes crimes na internet. No momento, nós estamos em processo de discussão. 

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