Brasil reconhece Palestina com fronteiras de 1967
Ministério das Relações Exteriores atendeu a um pedido do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas
Da Redação
Publicado em 3 de dezembro de 2010 às 17h08.
Brasília - O Governo do Brasil anunciou nesta sexta-feira o reconhecimento do Estado palestino com as fronteiras fixadas em 4 de junho de 1967, prévias à Guerra dos Seis Dias.
A decisão foi anunciada pelo Ministério das Relações Exteriores. Segundo a diplomacia brasileira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou uma carta ao presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, na quarta-feira para informar esta decisão.
O reconhecimento foi uma resposta à solicitação realizada por Abbas em 24 de novembro e é uma posição "coerente" com as resoluções das Nações Unidas, explicou a Chancelaria.
"A decisão não significa abandonar a convicção de que são imprescindíveis as negociações entre Israel e os palestinos, a fim de que alcancem concessões mútuas sobre as questões centrais do conflito", assinala a nota.
O Brasil se soma desta maneira a uma lista superior a cem países que reconhecem o Estado palestino, entre estes todos os árabes, a grande maioria da África, boa parte dos asiáticos e do leste da Europa.
Desde 1975, o país sul-americano reconhece a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) como "legítima representante do povo palestino" e em 1993 abriu sua primeira sede diplomática em território palestino, cujas atribuições foram equiparadas as de uma embaixada cinco anos depois.
O Governo Lula intensificou suas relações com o território palestino nestes últimos anos e em março, realizou uma viagem oficial à região, na qual incluiu uma visita a Israel.
Nos últimos tempos, o Brasil ofereceu como mediador entre Israel e os palestinos, tentando erigir-se em interlocutor neutro e alheio ao conflito.
Em sua carta a Abbas, Lula renovou sua oferta mediadora, ao garantir que "Brasil estará sempre preparado para ajudar no que for necessário".
"O reconhecimento do Estado palestino é parte da convicção brasileira que um processo negociador que resulte em dois Estados convivendo pacificamente e em segurança é o melhor caminho para a paz no Oriente Médio, objetivo que interessa a toda a humanidade", assinala a carta assinada por Lula, que foi divulgada pela Chancelaria.
Israel acolheu com ceticismo as ofertas mediadoras do Brasil, sobretudo pela aproximação do país sul-americano ao Irã, país que se declarou como seu maior inimigo.