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Brasil e Coreia do Sul apresentam candidatos para OMC

O embaixador brasileiro na OMC, Roberto de Azevedo, e o ministro de Comércio sul-coreano, Taeho Bark, foram os últimos a comparecer ao Conselho Geral da instituição

O embaixador brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo: Azevedo é o único candidato que não ocupou um ministério, e acha isso uma uma vantagem. (Elza Fiúza/ABr)
DR

Da Redação

Publicado em 31 de janeiro de 2013 às 13h48.

Genebra - Brasil e Coreia do Sul encerraram nesta quinta-feira a rodada de apresentação de candidatos para ocupar a direção-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) , cujo posto o francês Pascal Lamy deixará vacante no dia 1º de setembro.

O embaixador brasileiro na OMC, Roberto de Azevedo, e o ministro de Comércio sul-coreano, Taeho Bark, foram os últimos a comparecer ao Conselho Geral da instituição, seu principal órgão executivo permanente.

Este órgão executivo escutou durante três dias os argumentos e as propostas dos nove candidatos ao cargo, o que serviu para fazer um primeiro exame dos candidatos, em uma corrida sobre a qual há muitas apostas mas poucas certezas por causa do compromisso não escrito que o futuro diretor-geral seja fruto de uma escolha por consenso.

Fontes diplomáticas manifestaram que o alto número de candidatos (a média em algumas ocasiões prévias foi de quatro) é a principal dificuldade, porque pode alongar em excesso o processo, dando lugar a atritos e tensão entre os 158 Estados-membros.

O objetivo é conseguir que o candidato seja aceito por todos e que não precise se chegar a uma votação, algo que ocorreu em 1998 para a eleição do neozelandês Mike Moore e que, segundo lembraram as fontes, pôs à OMC em uma situação de divisão "como não se tinha visto e como não se voltou a ver".

O trabalho passa agora para um comitê formado pelos presidentes do Conselho Geral, do Órgão de Resolução de Disputas e do Órgão de Revisão de Políticas Comerciais, que em função de suas consultas solicitará ao candidato pior posicionado que se retire, em processo que se prolongará até que só reste um candidato.


Chega portanto o momento decisivo das negociações aos níveis mais altos dos Governos, previsivelmente até maio, para colocar o candidato favorito dentre um grupo com representação dos continentes, com a exceção do europeu.

Há três latino-americanos (o costarriquenho Anabel González, o mexicano Herminio Blanco e o brasileiro Azevedo), três asiáticos (a indonésia Mari Pangestu, o jordaniano Ahmad Hindawi e o sul-coreano Bark), dois africanos (a queniana Amina Mohammed e o ganês Alan John Kwadwo Kyerematen) e um oceânico (o neozelandês Tim Groser).

Com a exceção do neozelandês, todos provêm de países em vias de desenvolvimento, por isso que tudo aponte que o futuro diretor-geral da OMC romperá com o que foi até agora uma norma quase inalterada na organização, e em seu antecessor Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), que a máxima responsabilidade recaísse sobre um representante dos países mais desenvolvidos.

Com a exceção do tailandês Supachai Panitchpakdi, que foi diretor-geral da OMC entre 2002 e 2005, o organismo que vela pelo impulso e pela justiça do sistema internacional de comércio foi dirigido até agora de maneira consecutiva por um britânico, dois suíços, um irlandês, um italiano, um neozelandês e um francês.

O fato de que o futuro diretor-geral não provenha do mundo rico é um sinal da mudança que a economia internacional experimentou nos últimos anos, com uma crescente influência dos países emergentes em detrimento dos países desenvolvidos.

Esta mensagem é a que foi passada estes dias pelos candidatos perante um organismo que enfrenta um momento crítico, devido à incapacidade para desbloquear a rodada de Doha, a proposta de liberalização do sistema multilateral de comércio estagnada há meia década.


Países ricos, países em desenvolvimento e países pobres têm diferentes visões de como e a que velocidade se deve relançar essa abertura comercial, e a crise econômica global iniciada em 2008 não fez mais que aprofundar as diferenças de critério.

Neste contexto, o ministro sul-coreano de Comércio se mostrou partidário hoje de recuperar "a cultura original de Genebra", em referência à capacidade dos Estados-membros da OMC de encontrar vias de consenso para "promover o comércio, reduzir a pobreza e fortalecer o desenvolvimento de todos os países".

Na sua opinião, essa será a base de desbloquear as negociações de Doha, que Bark qualificou como "a tarefa mais importante atual da OMC", junto à necessidade, a médio prazo, de conseguir que a conferência de ministros bienal da organização, que será realizada em Bali em dezembro, traga "resultados tangíveis".

"Tudo depende de se podemos aproveitar o momento, e de quando o aproveitamos, para revitalizar o que resta pendente da rodada de Doha depois da conferência ministerial", afirmou o ministro.

Azevedo, o único candidato que não ocupou um ministério (o que na sua opinião pode ser uma vantagem, já que conhece de primeira mão a OMC), ressaltou também a necessidade de "voltar a situar a organização no radar público, na agenda internacional", para o que "são necessários resultados concretos".

"A menos que averiguemos como fazer avançar a rodada de Doha, o sistema vai continuar travado", manifestou.

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O embaixador brasileiro na OMC, Roberto de Azevedo, e o ministro de Comércio sul-coreano, Taeho Bark, foram os últimos a comparecer ao Conselho Geral da instituição, seu principal órgão executivo permanente.

Este órgão executivo escutou durante três dias os argumentos e as propostas dos nove candidatos ao cargo, o que serviu para fazer um primeiro exame dos candidatos, em uma corrida sobre a qual há muitas apostas mas poucas certezas por causa do compromisso não escrito que o futuro diretor-geral seja fruto de uma escolha por consenso.

Fontes diplomáticas manifestaram que o alto número de candidatos (a média em algumas ocasiões prévias foi de quatro) é a principal dificuldade, porque pode alongar em excesso o processo, dando lugar a atritos e tensão entre os 158 Estados-membros.

O objetivo é conseguir que o candidato seja aceito por todos e que não precise se chegar a uma votação, algo que ocorreu em 1998 para a eleição do neozelandês Mike Moore e que, segundo lembraram as fontes, pôs à OMC em uma situação de divisão "como não se tinha visto e como não se voltou a ver".

O trabalho passa agora para um comitê formado pelos presidentes do Conselho Geral, do Órgão de Resolução de Disputas e do Órgão de Revisão de Políticas Comerciais, que em função de suas consultas solicitará ao candidato pior posicionado que se retire, em processo que se prolongará até que só reste um candidato.


Chega portanto o momento decisivo das negociações aos níveis mais altos dos Governos, previsivelmente até maio, para colocar o candidato favorito dentre um grupo com representação dos continentes, com a exceção do europeu.

Há três latino-americanos (o costarriquenho Anabel González, o mexicano Herminio Blanco e o brasileiro Azevedo), três asiáticos (a indonésia Mari Pangestu, o jordaniano Ahmad Hindawi e o sul-coreano Bark), dois africanos (a queniana Amina Mohammed e o ganês Alan John Kwadwo Kyerematen) e um oceânico (o neozelandês Tim Groser).

Com a exceção do neozelandês, todos provêm de países em vias de desenvolvimento, por isso que tudo aponte que o futuro diretor-geral da OMC romperá com o que foi até agora uma norma quase inalterada na organização, e em seu antecessor Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), que a máxima responsabilidade recaísse sobre um representante dos países mais desenvolvidos.

Com a exceção do tailandês Supachai Panitchpakdi, que foi diretor-geral da OMC entre 2002 e 2005, o organismo que vela pelo impulso e pela justiça do sistema internacional de comércio foi dirigido até agora de maneira consecutiva por um britânico, dois suíços, um irlandês, um italiano, um neozelandês e um francês.

O fato de que o futuro diretor-geral não provenha do mundo rico é um sinal da mudança que a economia internacional experimentou nos últimos anos, com uma crescente influência dos países emergentes em detrimento dos países desenvolvidos.

Esta mensagem é a que foi passada estes dias pelos candidatos perante um organismo que enfrenta um momento crítico, devido à incapacidade para desbloquear a rodada de Doha, a proposta de liberalização do sistema multilateral de comércio estagnada há meia década.


Países ricos, países em desenvolvimento e países pobres têm diferentes visões de como e a que velocidade se deve relançar essa abertura comercial, e a crise econômica global iniciada em 2008 não fez mais que aprofundar as diferenças de critério.

Neste contexto, o ministro sul-coreano de Comércio se mostrou partidário hoje de recuperar "a cultura original de Genebra", em referência à capacidade dos Estados-membros da OMC de encontrar vias de consenso para "promover o comércio, reduzir a pobreza e fortalecer o desenvolvimento de todos os países".

Na sua opinião, essa será a base de desbloquear as negociações de Doha, que Bark qualificou como "a tarefa mais importante atual da OMC", junto à necessidade, a médio prazo, de conseguir que a conferência de ministros bienal da organização, que será realizada em Bali em dezembro, traga "resultados tangíveis".

"Tudo depende de se podemos aproveitar o momento, e de quando o aproveitamos, para revitalizar o que resta pendente da rodada de Doha depois da conferência ministerial", afirmou o ministro.

Azevedo, o único candidato que não ocupou um ministério (o que na sua opinião pode ser uma vantagem, já que conhece de primeira mão a OMC), ressaltou também a necessidade de "voltar a situar a organização no radar público, na agenda internacional", para o que "são necessários resultados concretos".

"A menos que averiguemos como fazer avançar a rodada de Doha, o sistema vai continuar travado", manifestou.

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