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Bolsonaro tentar se desvincular de Jefferson: 'Quem atira em policial é bandido'

A avaliação é que o episódio pode atrapalhar a busca por votos dos eleitores indecisos na semana da votação do segundo turno

Bolsonaro: presidente tenta se desvincular de Roberto Jefferson (José Cruz/Agência Brasil)

Bolsonaro: presidente tenta se desvincular de Roberto Jefferson (José Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de outubro de 2022 às 07h03.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) publicou um vídeo na noite deste domingo, 23, no qual anuncia a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson, seu aliado, presta solidariedade aos policiais feridos na operação e afirma que o tratamento dispensado a quem atira em policiais "é o de bandido".

Seu concorrente no segundo turno da eleição presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou que nunca viu a sociedade brasileira com tanta raiva, e atribuiu este sentimento ao comportamento do adversário.

"Como determinei ao ministro da Justiça, Anderson Torres, Roberto Jefferson acaba de ser preso. O tratamento dispensado a quem atira em policiais é o de bandido. Presto minha solidariedade aos policiais feridos no episódio", afirmou Bolsonaro no vídeo.

A campanha à reeleição tenta desvincular de Bolsonaro de Jefferson. O presidente foi orientado a se manifestar rapidamente sobre o assunto. A avaliação é que o episódio pode atrapalhar a busca por votos dos eleitores indecisos na semana da votação do segundo turno.

Em entrevista a jornalistas antes da sabatina na TV Record, o presidente, além de tentar se afastar de Jefferson, buscou ligá-lo a Lula e ao PT. "Não existe qualquer ligação minha com Roberto Jefferson. Nunca se cogitou Jefferson na minha campanha. Jefferson e José Dirceu estavam juntos no mensalão", disse ele, referindo-se ao ex-ministro da Casa Civil no governo Lula apontado pelas investigações como líder do esquema de corrupção. Bolsonaro disse ainda que "Lula é criminoso e se comporta como oportunista no caso do Jefferson".

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Recuo

Mais cedo, enquanto Jefferson resistia ao mandado de prisão, o candidato à reeleição publicou mensagem no Twitter na qual repudiava as ofensas proferidas pelo ex-deputado contra a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF) - a quem chamou de "prostituta arrombada" - e criticou o ataque dele aos agentes da Polícia Federal.

Na mesma postagem, Bolsonaro voltou a criticar a atuação da Justiça dizendo repudiar a existência de inquéritos "sem nenhum respaldo na Constituição" e sem a atuação do Ministério Público, numa referência à investigação sobre as milícias digitais, no Supremo. "Repudio as falas do sr. Roberto Jefferson contra a Ministra Carmen Lúcia e sua ação armada contra agentes da PF, bem como a existência de inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição e sem a atuação do MP", escreveu.

Durante coletiva de imprensa em São Paulo, Lula afirmou que as ofensas contra Cármen Lúcia não podem ser aceitas por ninguém que respeita a democracia. "Ninguém tem o direito de utilizar os palavrões que ele utilizou contra uma pessoa comum. Muito menos contra uma pessoa que exerce o cargo de ministra da Suprema Corte", afirmou.

O petista afirmou que já concorreu em muitas eleições, mas nunca viu a sociedade brasileira com tanta raiva como neste ano. "Estamos há 50 anos disputando eleições neste País e nunca vimos uma aberração dessa, uma cretinice dessa, que esse cidadão, que é o meu adversário, estabeleceu no País", afirmou. "Ele conseguiu criar uma parcela da sociedade brasileira raivosa, com ódio, mentirosa, que espalha fake news o dia inteiro, sem se importar se o seu filho está vendo ou não", disse.

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