Brasil

Bolsonaro sugere usar dividendos da Petrobras para controlar combustível

Bolsonaro também propôs um valor fixo de ICMS para todos os estados

Bolsonaro afirmou que discutiu a possibilidade com o presidente do BNDES, Gustavo Montezano (Ueslei Marcelino/Reuters)

Bolsonaro afirmou que discutiu a possibilidade com o presidente do BNDES, Gustavo Montezano (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de outubro de 2021 às 05h57.

Última atualização em 1 de outubro de 2021 às 15h24.

O presidente Jair Bolsonaro citou nesta quinta-feira, 30, em transmissão ao vivo nas redes sociais, a possibilidade de repassar dividendos da Petrobras a um fundo regulador que possa modular a alta dos combustíveis, hoje um dos vilões da inflação. Segundo o chefe do Executivo, ele discutiu a possibilidade com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano. "Temos de buscar solução para isso", disse Bolsonaro, sobre o avanço nos preços dos combustíveis.

"Vim conversando com Montezano, hoje, no avião, o presidente do BNDES, pegando dicas com ele, o que a gente pode fazer. É criar fundo regulador, é ver lucro da Petrobras... Aquele que vem para o governo federal, para nós, ninguém vai meter a mão em nada... Será que esse dinheiro da Petrobras que vem para nós - será, estou perguntando, não estou afirmando - que é lucro bilionário, nós não podemos converter para esse fundo regulador?", questionou o presidente. "Toda vez que der um aumento, você não repassar todo aumento, ou não repassar aumento nenhum. Você faz caixa quando está mais no baixo e quando sobe você, com esse caixa, compensa o reajuste lá na frente", acrescentou.

A possibilidade de criar um fundo regulador, que amenize o impacto de oscilações do mercado internacional sobre o preço dos combustíveis, já foi sugerida ontem pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O parlamentar disse que a medida não alteraria a política de preços da Petrobras, explicada hoje por Bolsonaro a seus apoiadores durante a live. "Vocês ficam indagando, como a gente pode ser autossuficiente (em petróleo) e pagar o preço do mercado internacional? É uma coisa acertada lá atrás", afirmou o presidente, que ainda citou o combate ao desperdício com contratos de aluguéis como forma de reduzir o valor dos combustíveis. "Com Silva e Luna, estamos atacando em outra frente: o desperdício da Petrobras."

Também presente na transmissão ao vivo, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, sugeriu o aumento do valor do intervalo de referência para reajuste dos combustíveis como uma possível solução para o impasse. "O impacto seria menor e daria mais flexibilidade", disse. "Todas as medidas que podem ser estudadas pelo governo estão sendo estudadas", garantiu.

Bolsonaro costuma jogar no colo dos governadores a alta dos combustíveis, atribuindo o fenômeno à incidência do ICMS sobre o produto. Hoje, declarou que a redução porcentual do imposto, já anunciada por Roraima, não resolve. "Não é a solução, a solução é cada Estado ter seu valor fixo", disse.

Com apoio de Lira, o governo defende projeto em tramitação no Congresso para fixar o valor nominal do ICMS, uma das principais fontes de renda dos Estados, e não apenas a alíquota. "Lira é o presidente da Câmara, mas não tem o poder que muita gente pensa que tem, ele não manda, ele conduz", acenou o presidente ao aliado. "Lá dentro do parlamento, vai ter o lobby de muitos governadores", acrescentou, sobre a pauta de fixar o ICMS. "Não quero encrenca com governador."

O presidente ainda voltou a afirmar que o diesel está caro, mas abaixo da média mundial. "Não posso fazer milagre, alguns querem que eu interfira na canetada, mantenha o preço lá embaixo, se eu fizer isso, o caos se instala", reconheceu o presidente.

Acompanhe tudo sobre:CombustíveisGoverno BolsonaroJair BolsonaroPetrobras

Mais de Brasil

Câmara aprova projeto que abre brecha para policial infiltrado cometer atos ilícitos em operações

Com maioria formada, STF decide hoje sobre impedimento de Moraes em ação de Bolsonaro

Projeto aprovado na Câmara desmonta pilares do Estatuto do Desarmamento; entenda

Pacheco afirma que pacote de gastos e celulares nas escolas devem ser votados antes do recesso