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Bolsonaro pede apoio da bancada ruralista para explorar terras indígenas

Governo pediu apoio ao projeto que regulamenta a mineração e a geração de energia elétrica em terras indígenas

Exploração de terras indígenas: tramitação na Câmara segue em ritmo mais lento que as principais reformas (Adriano Machado/Reuters)

Exploração de terras indígenas: tramitação na Câmara segue em ritmo mais lento que as principais reformas (Adriano Machado/Reuters)

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Agência O Globo

Publicado em 12 de fevereiro de 2020 às 12h18.

Brasília - Em café da manhã com um grupo de parlamentares da bancada ruralista nesta quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro pediu apoio ao projeto que regulamenta a mineração e a geração de energia elétrica em terras indígenas, enviado na semana passado ao Congresso. O pleito foi confirmado pelo presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), na saída do evento no Palácio do Planalto.

"Pediu (apoio) sim. Aliás, é bom que se esclareça isso: quando se fala em regularização, estamos querendo legalizar o que em grande parte já existe. Já estão garimpando e tomando nossas riquezas com muitos outros interesses, sem pagar um centavo de imposto e causando grandes problemas na Amazônia", defendeu Moreira.

"Então, cada vez que o presidente fala em legalizar esse processo, não é autorizar de maneira indiscriminada que se tome as terras indígenas, que invada, que se faça isso ou aquilo, coisa nenhuma. O que nós queremos é legalizar, conhecer, proteger e preservar", complementou.

Questionado sobre a tramitação no projeto no Congresso, onde a matéria já conta com a contrariedade pública do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Moreira disse que a velocidade não é a questão principal, e que é melhor "colhê-lo" quando estiver maduro. Sobre a resistência de Maia, ele disse achar que Bolsonaro tem dialogado com o Parlamento, mas que não acredita que as pessoas mudem de opinião "do dia para a noite". Moreira frisou ainda que a Câmara e o Senado não são Casas de consenso e que o dissenso é o voto.

 

"Um dia a gente vai para o voto. A gente não tem que cumprir caprichos e vontades de quem quer que seja. Lugar ruim para fazer reinado é o Parlamento, lá não tem como. Então a gente precisa, na verdade, é despertar o que nós queremos pela grande maioria das lideranças, fazer a celeridade possível e ir a voto, para nós votarmos e decidirmos. O Parlamento não decide pela vontade de um ou de dois, decide pela vontade da maioria", declarou.

O presidente da FPA disse ainda que o grupo não é e não quer ser um partido político e não vai ocupar o lugar dos líderes, mas conta com mais de 250 parlamentares e, portanto, pode ser chamado pelo governo previamente para discutir o apoio a "este ou aquele tema". Ele complementou dizendo que a frente só tem "dever de unidade" nos assuntos da agropecuária.

Moreira defendeu ainda que é preciso vencer questões de "imagem e comunicação", citando a continuidade de declarações de todas as partes do mundo com relação à Amazônia.

"E não podemos fazer isso com raiva, com voluntarismo. Precisamos centrar isso no vice-presidente da República [Hamilton Mourão, que assumiu o comando, ter linguagem única com relação ao processo, mas demonstrar claramente políticas públicas que façam regularização fundiária, preservação, que não permitam desmatamento e mineração ilegal, a devastação. Precisamos demonstrar isso para o mundo, e faremos com inteligência."

O café da manhã começou pouco depois das 8h. Bolsonaro estava acompanhado dos ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Tereza Cristina (Agricultura), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência). Até o momento, a lista de convidados presentes não foi divulgada pelo Planalto.

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