Campanha de Lula não apoia embate contra Bolsonaro sobre urnas eletrônicas
A orientação entre dirigentes da campanha de Lula é não inflar a ideia de que há uma tentativa de golpe em curso
Estadão Conteúdo
Publicado em 13 de maio de 2022 às 10h39.
Última atualização em 13 de maio de 2022 às 10h46.
A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que o pré-candidato petista não deve entrar no debate público provocado pelas investidas do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o sistema eleitoral. Aliados próximos de Lula acreditam que Bolsonaro ganha espaço quando o petista repercute suas polêmicas e a resposta institucional deve vir e tem vindo do Judiciário.
Com a preocupação de não se deixar capturar pelas pautas impostas pelo adversário, a orientação entre dirigentes da campanha de Lula é não inflar a ideia de que há uma tentativa de golpe em curso. A avaliação é de que o presidente se alimenta politicamente de confusões e joga com o medo.
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Mas, se em público a tática é ignorar o tema o quanto possível, nos bastidores os aliados do petista se concentram em manter canais abertos com militares e construir uma coalizão de vozes que aceitem defender publicamente o sistema eleitoral. A conversa, no entanto, tem acontecido de forma orgânica, não organizada pelo comando da campanha.
"O maior desafio da campanha não é ter maioria de votos, é construir um ambiente que legitime essa maioria", disse o ex-governador do Maranhão Flávio Dino (PSB), no lançamento da pré-candidatura de Lula e Geraldo Alckmin (PSB).
Conforme relatos, o ex-governador tem participado de articulações para atrair políticos de fora do arco de apoio a Lula em defesa do atual processo eleitoral. Os aliados do petista costuram um movimento que reúna também ex-presidentes do Tribunal Superior Eleitoral. Além de Dino, os ex-ministros da Defesa Nelson Jobim e Aldo Rebelo têm participado de conversas sobre o tema. Jobim é um dos emissários de Lula nas conversas com militares sobre garantias à eleição, como revelou a colunista do Estadão Vera Rosa.
Economia
A forma de tratar os ataques de Bolsonaro às urnas foi tema de conversas em jantar que reuniu parlamentares em homenagem ao deputado Márcio Macêdo (PT-SE), em Brasília, na última terça-feira.
Responsável pela comunicação da campanha de Lula, o deputado Rui Falcão chegou ao jantar após os debates, mas é um dos que têm defendido que a sigla se concentre na pauta econômica. "Temos um foco: acompanhar as demandas para reconstruir o País. É isso que está mobilizando as pessoas e essa é nossa pauta. Temos que nos concentrar nisso."
Apesar disso, parlamentares da linha de frente da campanha de Lula - o deputado Paulo Teixeira (PT) e o senador Randolfe Rodrigues (Rede) - pretendem visitar o TSE na próxima semana para dar uma declaração de confiança no processo eleitoral brasileiro.
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