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Bolsonaro espera que Trump intervenha e barre diálogo sobre Amazônia no G7

Além de EUA, o Brasil espera que Japão, Itália e Reino Unido defendam que o assunto seja discutido com a participação do governo brasileiro

Bolsonaro e Trump: o presidente dos EUA abordou o assunto em tom diferente do adotado por Macron ou pela chanceler alemã, Angela Merkel (Kevin Lamarque/Reuters)

Bolsonaro e Trump: o presidente dos EUA abordou o assunto em tom diferente do adotado por Macron ou pela chanceler alemã, Angela Merkel (Kevin Lamarque/Reuters)

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Clara Cerioni

Publicado em 24 de agosto de 2019 às 10h05.

Última atualização em 24 de agosto de 2019 às 10h09.

Brasília — Com a ligação de Donald Trump ao presidente Jair Bolsonaro, o governo brasileiro espera que os Estados Unidos indiquem, durante o G7, que só aceitarão discutir os incêndios na região da floresta amazônica com a presença e participação do Brasil.

O tema, segundo interlocutores do governo brasileiro, foi tratado na conversa entre os dois presidentes. A visão é de que os EUA apoiam uma postura de soberania do Brasil — e podem se opor ao desejo de líderes europeus, como o francês Emmanuel Macron, que já afirmou que deseja debater o assunto no encontro das sete nações mais ricas.

Trump embarcou na noite desta sexta-feira (23) para a reunião, que acontece neste final de semana na França. O governo brasileiro está seguro de que o americano, junto de outros países, vai barrar qualquer tentativa de levantar o assunto.

A previsão é de que Japão e Itália endossem a necessidade de participação do Brasil em eventual discussão sobre a Amazônia.

O presidente dos Estados Unidos tem se mantido em lado oposto aos europeus no debate de proteção ambiental. Ele retirou os EUA do Acordo de Paris e, em junho, durante o G20, mais uma vez se manteve isolado diante da renovação de compromisso dos demais países em tomar medidas para conter a mudança climática. 

No final desta sexta-feira, Trump se pronunciou pela primeira vez sobre o assunto, em tom diferente do adotado por Macron ou pela chanceler alemã, Angela Merkel.

No lugar da cobrança ao presidente brasileiro, como feito pelos europeus, Trump disse que os EUA estão dispostos a ajudar o Brasil e que a relação entre os dois países está "mais forte do que nunca".

Além de EUA, Japão e Itália, o Brasil conta com o Reino Unido para desempatar o debate e defender que o assunto seja discutido com a participação do Brasil.

Na sexta-feira, o premiê britânico Boris Johnson, divulgou nota na qual disse estar profundamente preocupado com os incêndios e o impacto das chamas na natureza.

Trump, segundo fontes do Planalto, defendeu a soberania do Brasil no assunto ao conversar com Bolsonaro. Desde que as queimadas na Amazônia atraíram pressão da comunidade internacional, o governo tem defendido a tese de que seria uma violação à soberania brasileira discutir o assunto no G-7, sem a presença do Brasil.

Na quinta-feira (22), no Twitter, Bolsonaro afirmou que "asugestão do presidente francês, de que assuntos amazônicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI".

Os EUA e Israel ofereceram ajuda ao Brasil, mas, até agora, o País não fez nenhuma sinalização aos americanos. O Brasil não pretende solicitar ajuda externa. A ideia é que, se for necessário, seja coordenado o apoio entre os países da região amazônica.

A conversa entre Trump e Bolsonaro não se limitou à situação da Amazônia, como ficou claro nas manifestações em redes sociais dos dois presidentes. Eles falaram sobre perspectiva de um acordo comercial abrangente.

Brasil e Estados Unidos querem lançar negociações de livre comércio — o que, em um primeiro momento, não irá abranger debates sobre tarifas. A ideia é avançar em marcos regulatórios para preparar terreno para um acordo maior no futuro.

Veja fotos das queimadas que atingem a Amazônia:

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