Jair Bolsonaro: "O Brasil vai pensar nisso depois que acabar a pandemia, a gente vai pensar seriamente se sai ou não, porque não transmite confiabilidade" (Adriano Machado/Reuters)
Reuters
Publicado em 9 de junho de 2020 às 14h47.
Última atualização em 9 de junho de 2020 às 16h14.
Após reunião ministerial nesta terça-feira, 9, o presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar a Organização Mundial da Saúde (OMS) ao dizer que a entidade internacional "parece mais um partido político". Ele disse que, após a pandemia, o Brasil deve avaliar a permanência na organização, composta por 194 Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU).
Na última semana, o presidente já havia ameaçado retirar o país da OMS, seguindo os Estados Unidos.
Bolsonaro falou sobre o tema ao ser questionado por jornalistas, na saída do Palácio da Alvorada, sobre o fato de que não há comprovação sobre o nível de transmissão do vírus por pessoas assintomáticas.
Na segunda-feira, 8, a diretora técnica da entidade, Maria Van Kerkhove, disse que a transmissão por pacientes sem sintomas era "muito rara", e o presidente usou a fala para defender a flexibilização da quarentena nesta terça. No entanto, a organização fez uma retificação e afirmou que a transmissão da covid-19 está, sim, ocorrendo a partir de casos assintomáticos da doença, mas ainda não há conclusões sobre a proporção.
"Temos de ser realistas, nós sabemos que não tem comprovação de nada. Até a hidroxicloroquina não tem comprovação. A OMS voltou atrás, desaconselhou estudos e depois voltou atrás. OMS é uma organização que está titubeando, parece mais um partido político.", disse o presidente.
Segundo ele, o Brasil vai pensar, depois da pandemia, se continua como integrante da OMS. "O Brasil vai pensar nisso depois que acabar a pandemia, a gente vai pensar seriamente se sai ou não, porque não transmite confiabilidade. Muita gente perdeu a vida porque ficou em casa, muita gente sente dor no peito e não foi para o hospital por medo do vírus e acabou enfartando e morrendo."
Diante dos milhares de mortos pela pandemia no mundo todo, Bolsonaro afirmou, sem apresentar evidências, que esses óbitos não ocorreram por falta de respiradores e leitos de UTI, e sim pela falta de remédios com comprovação científica, citando como exemplo a hidroxicloroquina.
"Muitos faleceram porque pode ser que lá na frente pode se comprovar, por falta da hidroxicloroquina. Mudamos (o protocolo) para que a hidroxicloroquina pudesse ser utilizado a partir dos primeiros sintomas. Obviamente tem de ouvir o médico. Quem não quiser usar, não use", declarou.