BNDES vai participar de empréstimo ao Rio
O presidente do BNDES frisou que a operação foca na sustentabilidade da recuperação fiscal do Rio
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de julho de 2017 às 14h28.
Última atualização em 28 de julho de 2017 às 14h43.
Rio - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) terá participação "módica" na operação de crédito de até R$ 3,5 bilhões ao Estado do Rio, mas, numa etapa posterior, deverá participar da privatização da Cedae, a estatal fluminense de saneamento. Segundo o presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, a participação acionária do banco nessa etapa posterior, "minoritária a relevante", poderá chegar a 49% e incluir a uma "Golden share". No futuro, a intenção do BNDES é desestatizar a empresa, disse Rabello.
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, foi o primeiro a anunciar o desenho da operação, após reunião entre autoridades do governo federal, do governo do Rio e do BNDES. Moreira ressaltou que o empréstimo é "uma operação de mercado, são bancos privados". "O BNDES participa dessa operação, o que dá consistência à operação", disse Moreira.
Rabello frisou que a operação foca na sustentabilidade da recuperação fiscal do Rio. "O banco não é banco de emergências. Aqui não vendemos boia de salvação. Não pode haver a mínima dúvida que o banco está engajado apenas numa operação de remendo financeiro. Estamos buscando uma solução estruturante de mercado", afirmou o presidente do BNDES.
Segundo Rabello, o BNDES só conseguirá estabelecer sua participação na operação de crédito de até R$ 3,5 bilhões, prevista no plano de recuperação do Rio, em função do interesse dos bancos privados. A diretora de Infraestrutura do BNDES, Marilene Ramos, disse que a instituição só pode participar com a parte do empréstimo que seja "investimento de capital". Como a maior urgência do Estado do Rio é usar os recursos para custeio de salários atrasados, a participação do BNDES será "eventualmente módica", disse Rabello. A ideia é contratar a operação nos próximos 60 ou 90 dias.
Conforme o plano de recuperação do Rio, que obedece às regras do recém-criado Regime de Recuperação Fiscal (RRF), as ações da Cedae privatizada servirão de contragarantia à garantia da União que será dada à operação de crédito. No plano, os recursos obtidos com a privatização pagariam o empréstimo.
O desenho apresentado nesta sexta-feira, 28, confirmou a participação do BNDES numa primeira etapa do processo de privatização, chamada por Rabello de "aquisição vestibular". No futuro, em 2018 ou até 2019, o BNDES completaria a desestatização. "Estamos imaginando hoje que teríamos 49% mais uma golden share na Cedae", afirmou o presidente do BNDES.