A dissidente cubana mais conhecida, a blogueira Yoani Sánchez, é conduzida pelos deputados Ronaldo Caiado (direita) e Carlos Sampaio (centro) à Comissão de Constituição e Justiça no Congresso Federal em Brasília (REUTERS/Fabio Rodrigues-Pozzebom)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.
Brasília - Convidada e amparada por deputados e senadores da oposição, a dissidente cubana Yoani Sánchez visitou o Congresso Nacional, nesta quarta-feira, para a exibição de um documentário em que é entrevistada, e provocou alvoroço envolvendo manifestantes a favor e contra o regime comunista de Cuba.
A blogueira mudou a agenda da visita ao Brasil esta semana e incluiu a ida ao Congresso para a exibição do documentário "Cuba-Honduras", após ter sido recebida com protestos em Recife e na Bahia que, inclusive, impediram a exibição do filme dirigido pelo cineasta Dado Galvão.
Yoani percorreu um tumultuado caminho da chapelaria da Câmara ao plenário da Casa, acompanhada do líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), do líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO), e do senador tucano Alvaro Dias (PR), entre outros.
A blogueira, mais conhecida dissidente cubana, escolheu o Brasil como primeiro destino de uma viagem por vários países depois ter sido finalmente autorizada pelo governo cubano a deixar a ilha.
No entanto, Yoani foi recebida com protestos pró-Cuba nos aeroportos de Recife e Salvador, na segunda-feira, e a exibição em Feira de Santana (BA) do documentário em que ela é entrevistada teve de ser suspensa, na noite de segunda, por causa dos protestos. A polícia precisou ser chamada ao local.
Durante a passagem pela Câmara, ela visitou a mesa da presidência da Casa, o que provocou críticas de parlamentares governistas, como a petista Benedita da Silva (PT-RJ).
A visita da dissidente também provocou protestos do lado de fora da sala de uma comissão da Câmara onde ela esteva. A entrada foi restringida por seguranças e houve tumulto no início da sessão.
Grupos favoráveis à visita de Yoani gritavam frases como "Abaixo a Ditadura!" e "Viva a Liberdade!", munidos de uma faixa onde lia-se "Seja bem-vinda, Yoani", enquanto críticos à blogueira muniam-se de palavras de ordem como "Yoani, não se intromete, vai para Miami e deixa a gente" e "Mercenária vai para a Disney." Yoani, de 37 anos, recebeu seu passaporte há apenas duas semanas, graças a uma reforma de imigração cubana que entrou em vigor neste ano, depois de ter seu pedido para viajar negado mais de 20 vezes nos últimos cinco anos pelo regime dos irmãos Fidel e Raúl Castro.
Aos deputados brasileiros, voltou a criticar a falta de liberdade de expressão em Cuba e se disse vítima de uma campanha de "satanização" de sua imagem. Criticou o que considera um monopólio da informação no seu país, e ainda o fato de o Parlamento cubano não ter liberdade para debater os projetos de lei.
"O Parlamento do meu país tem um histórico triste, uma triste história. Nunca disse não a uma lei", disse a dissidente a parlamentares. "Eu sonho que um dia não somente os cubanos possamos expressar nossa liberdade, mas também um Parlamento em que se possa escutar todos os tipos de opiniões." Parlamentares da oposição, que foram responsáveis pela ida de Yoani a Brasília, fizeram pedidos de desculpa pelos protestos ocorridos no Brasil contra a visita.
"Se eventualmente agressões aconteceram, ofensas foram dirigidas a você, este não é o sentimento da nação", disse Sampaio, líder tucano na Câmara.
Após a chegada da dissidente ao Brasil, o senador Alvaro Dias apresentou requerimentos ao Senado solicitando a presença dos ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e do embaixador cubano no Brasil, Carlos Zamora Rodríguez, para esclarecer denúncia feita pela revista Veja, no fim de semana, sobre um possível plano de Cuba para espionar Yoani no Brasil.